sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

CRÔNICAS IMPUDICAS

QUEM DIRIA!

João Eichbaum

A partir de amanhã estaremos nas mãos da Dilma. Comunista de carteirinha ou, para ser mais exato, comunista por herança, filha que é de um comunista, ela vai presidir um país capitalista por vocação.
Quando eu era criança, comunista era gente de meter medo. Por isso, os comunistas eram presos, tinham que responder a processos, viviam na clandestinidade.
O maior símbolo do comunismo no Brasil foi Luiz Carlos Prestes, um tipo que eu não consegui entender muito bem. Passou a vida inteira latindo contra o capitalismo, foi preso, exilado, foi congressista, casou ou se juntou com uma alemã, com quem teve uma filha, a filha nasceu na prisão e foi tirada da mãe. Uma história feita para arrancar lágrimas, de quem não sabe o que os comunistas, tipo Stalin e tantos são capazes de fazer.
Bem, mas eu falava do Luiz Carlos Prestes e dizia que nunca consegui entender muito bem esse personagem. Não sei quem o sustentou, quem o manteve, quem lhe dava casa, roupa e comida. Trabalhar foi coisa que ele nunca fez. Tinha sido militar, foi expulso do exército. Mas, ao fim e ao cabo, esse cara que passou latindo contra o capitalismo a vida inteira nunca conseguiu nada na política brasileira.
Diferentemente de Luiz Carlos Prestes, a comunista Dilma, que não latiu, mas agiu – e como agiu !- chegou à presidência da república, graças às manobras do Lula.
Lula, que não é comunista, nem capitalista, muito antes pelo contrário, latiu muito mais do que o Prestes, não propriamente contra o capitalismo, mas contra os patrões. Lula era contra os patrões.
Iletrado, sem conhecimentos mínimos de sociologia, o Lula não poderia assumir, conscientemente, uma posição política definida contra o capitalismo. De modo que, levado à presidência da república, governou este país capitalista com grandes pitadas de socialismo e criou, sem querer, sem qualquer argumento científico, um regime diferente: tirou de quem trabalha para dar a quem não trabalha. O tal de “bolsa-família”. Com isso, evidentemente, ganhou uma legião de admiradores e essa legião elegeu a Dilma.
É por isso que a Dilma, a partir de amanhã vai governar a gente.
Não sei se ela deletou toda sua teoria comunista ou apenas a arquivou. Inteligente, ela percebeu que foi muito mais fácil ser presidente de um país capitalista, do que o seria se o Lula não tivesse inventado o “bolsa-familia”. Por isso, para assessorá-la ela convocou, entre outros, um dos maiores capitalistas do Brasil, o Jorge Gerdau Johannpeter.
Duma coisa tenho certeza: o país continuará capitalista, com esse capitalismo “sui generis”, marca Lula, tirando de quem trabalha para dar a quem fica na rede, tomando pinga, ou invadindo propriedades alheias. Os bancos continuarão com lucros estratosféricos, porque a classe média, sem eles, vai continuar prensada, como sempre esteve, entre os que têm muito dinheiro e os que não têm vontade de trabalhar.
Enfim, a comunista vai presidir um país capitalista, sim, muito à vontade, porque sabe que, sem capital, não poderá manter a alegria daqueles que não trabalham, mas votam.

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