quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

CRÔNICAS IMPUDICAS

ACREDITE: JÁ FOI PIOR

João Eichbaum

Para você, certamente, como para mim, em tempos idos, Frei Caneca não passava de um nome de rua. Alguma coisa ouvimos sobre ele, nas aulas de história do Brasil, mas como simples personagem, sem muito importância, longe do papel principal.
O papel principal sempre esteve com D. Pedro I, o proclamador da independência, às margens plácidas do Ipiranga, que ouviram, “ao som do mar e à luz do céu profundo”o grito de “independência e morte”. Para nós, alunos da história do Brasil, e talvez até para a nossa professora, o verdadeiro herói era somente D.Pedro I, que teve a “coragem” de nos libertar de Portugal.
Mas, não foi bem assim, gente. Hoje, o Laurentino Gomes, nos desvenda melhor a história, em seus livros 1808 e 1822.
Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, ou simplesmente Frei Caneca, assim como José Bonifácio de Andrada e Silva, foi um dos homens que começaram a fazer, a executar, a tornar realidade a verdadeira independência do Brasil. A diferença entre um e outro residia nas idéias: José Bonifácio queria um império constitucional, Frei Caneca, uma república.
Mas, as idéias de Frei Caneca lhe custaram a vida. Como um dos líderes da Confederação do Equador, que pregava a desvinculação com a monarquia e a separação de Pernambuco, frei Caneca foi preso e condenado à morte, por enforcamento.
Conta Laurentino Gomes que “Caneca dormia profundamente quando o capelão foi chamá-lo na cela em que estava recolhido. Antes de subir ao patíbulo, submeteu-se a um ritual humilhante de destituição das ordens sacras”: paramentaram-no, como se fosse celebrar missa, mas em seguida foi despido das vestes sacerdotais por dois padres. Foi levado para o alto do patíbulo, “de onde pendia a corda da forca”, mas não foi executado. A ingrata missão foi recusada pelos carrascos. Então, por ordem de Francisco Lima e Silva, pai do futuro Duque de Caxias, foi fuzilado.
Fuzilado por ter idéias republicanas, assim como Tiradentes fora esquartejado por ter idéias de libertação.
Era assim que se fazia política. Era assim que os governantes se livravam da oposição.
As asneiras que o Lula diz, as patacoadas do PT e a eleição de uma comunista para presidir um país capitalista, não são coisas tão inomináveis, como as praticadas pelo príncipe D.Pedro, mulherengo e tarado, que até uma freira levou para a cama, e que nunca demonstrou remorso pelo que fez contra sua mulher, a princesa Leopoldina. Grávida, Leopoldina foi agredida por ele, com um pontapé na barriga, porque se negara a participar de uma cerimônia na qual estava presente a amante oficial do príncipe. A consequência da agressão foi um aborto, que lhe causou a morte.
Conclusões: a independência se consolidou com sangue e não com “brados heróicos”; a política, no Brasil, já foi pior do que é.

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