segunda-feira, 29 de agosto de 2011
A TESTOSTERONA E A CASTIDADE
João Eichbaum
Se perguntarem a qualquer adolescente de hoje o que é “castidade”, ele não saberá explicar. Não saberá o significado, porque o seu vocabulário é extremamente pobre, nem saberá explicar através de sua experiência, porque não sabe também o que é viver sem sexo.
Castidade é o que a Igreja exige de seus clérigos: a abstenção do sexo.
Tanto padres, como freiras e irmãos leigos fazem votos ou promessas de “castidade”. A “castidade” é a condição fundamental para que alguém possa se dedicar exclusivamente ao serviço da Igreja.
Pura hipocrisia, é claro. Ninguém vive sem sexo. A sexualidade faz parte da natureza humana porque, sem ela, a raça humana desapareceria.
Não é um privilégio do animal homem. Todos os animais, por exigência da perpetuação da espécie, são dotados de sexualidade. O sexo é uma necessidade fisiológica como qualquer outra. A testosterona é um ingrediente químico que, em maior ou menor grau, integra a composição do ser animal.
Será que alguém escapa a seu arrebatamento? Até hoje, não há qualquer comprovação científica nesse quesito.
Ao exigir dos clérigos a abstinência sexual, portanto, a Igreja violenta a natureza e nega a ordem de Javé: crescei e multiplicai-vos.
O resultado desse binômio testosterona-castidade só pode ser um: a hipocrisia.
Só os idiotas, os que não têm um mínimo conhecimento da fisiologia animal, acreditam que padres e freiras e irmãos leigos, sem um homem ou sem uma mulher a seu lado, na solidão de seus quartos ou de suas celas, não atendam aos apelos ardentes da natureza, quando instados por ela.
A mais deslavada mentira é a que nega a sexualidade, apregoando que a testosterona fica esturricada por força da oração.
Por isso é difícil acreditar na Igreja. Se ela nega a força da sexualidade, uma coisa tão óbvia, que mexe com cada ser vivente, que força terão, para quem coloca o raciocínio em primeiro lugar, os seus dogmas?
Compare-se a Igreja Católica com as demais religiões, as evangélicas.
Por que, nas outras religiões, não há escândalos, pedofilia, por exemplo? Por que, na história das outras religiões, o sexo não desempenhou um papel tão negativo como na história da Igreja Católica? Por que é que as orgias sexuais ocorridas no Vaticano fazem parte da história da Igreja Católica, enquanto nas outras religiões é um tema desconhecido?
A resposta é uma só: a hipocrisia. A Igreja Católica tapa o sol com a peneira e mente, tentando convencer seus fiéis de que o papa, os cardeais, os bispos, arcebispos e o clero em geral não satisfazem suas necessidades sexuais, porque são “humanos diferentes”, cândidos eleitos de Deus.
Que o papa, com oitenta e mais anos, não tome Viagra vá lá. Mas isso não quer dizer que a química da testosterona não mexa com sua santidade, levando-o a desfiar suas fraquezas perante um confessor que, por seu turno, confessa seus orgasmos para outro colega, com medo de “perder a alma”.
E assim anda o círculo vicioso do perdão dos “pecados”.
A questão não se reduz a essa simplicidade, de defender o celibato eclesiástico ou de pedir sua revogação. O furo é mais em cima. A questão básica, da qual dependem todas as outras, é uma só: que a Igreja Católica deixe de ser hipócrita e não comprometa o “Espírito Santo”, a quem credita todas suas inspirações.
Logo o “Espírito Santo”, que sabe tudo de testosterona: emprenhou a Virgem, sem fazer o “papai e mamãe”.
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Um comentário:
Você mistura conceito de Castidade com Celibato. Afinal, já ouviu falar em Transmutação Sexual? E de Castidade Científica? Castidade não é e nunca foi ausência de sexo, mas sim ausência de fornicação e de luxúria. Informe-se, pois não há hipocrisia nem burrice em castidade. Abraços.
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