João Eichbaum
Deparei com o seguinte impresso publicitário no colado no meu
portão:
ATENÇÃO
MÃE QUE ESTAVA DESEMPREGADA
QUANDO GANHOU FILHO, APÓS 20 DE JUNHO À 2012
PODE VIR GANHAR ATÉ R$ 2.015,00 EM DINHEIRO
À VISTA EM ATÉ 45 DIAS MESMO QUE
ESTEJA TRABALHANDO HOJE.
TAMBÉM MÃE QUE PERDEU O BEBÊ APÓS
O 6º MÊS DE GESTAÇÃO PODE COBRAR
LIGUE HOJE MESMO PARA
Aí seguem os números de
telefones e endereços.
Confesso que, num primeiro
momento, não entendi, não conseguia atinar com o objetivo da propaganda. Pensei
que fosse propaganda de igreja, de credo, de milagres, de alguma clínica clandestina de abortos, ou de alguma vidente.
Depois, caiu a ficha: era
propaganda de escritório de advocacia. Propaganda de advogado
especializado em “gravidez”. Da mensagem se extrai mais ou menos isso: fique
grávida e corra para a Justiça.
O texto é confuso, além de
agredir, impiedosamente, o vernáculo. Mas, para mim, teve uma utilidade: servir
de prova daquilo que escrevi dias atrás sobre o analfabetismo funcional.
De todos os dados
estatísticos, um dos que mais impressiona é o analfabetismo funcional dos
doutores. 62% dos portadores de diploma de curso superior se encontram nesse
nicho estatístico. Eles não sabem escrever corretamente. Têm imensa dificuldade
de redigir um texto claro, inteligível.
E tudo isso só tem uma
razão: a comercialização do ensino superior. O ingresso numa Universidade já
não exige cultura. Qualquer analfabeto funcional tem acesso ao diploma
universitário, desde que o possa comprar, nem que seja pagando altos juros.
Aqui no Vale do Sinos só não
é doutor quem nem não pode comprar o diploma. De cada 10 pessoas que se
encontra na rua, 7 são advogados, formados na Unisinos, na Feevale, na Ulbra,
na Uniritter, na La Sale.
E com o diploma na mão, saem
matando cachorro a grito, distribuindo panfletos de propaganda, com o atestado
de sua ignorância.
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