João Eichbaum
De
acordo com a estatística oficial, o catolicismo está em baixa no Brasil: de 1960 até 2010, o
número de católicos despencou de 93,1% para 64,6%. Acrescida a esses dados a
circunstância de que a população aumentou consideravelmente nesse período, o
tombo da Igreja Católica no país foi de muito mais alto do que se pode
depreender pelas estatísticas.
Os fatos não acontecem sem causa. O deus da Igreja Católica
não iria dar às costas para o “maior país católico do mundo”, assim, de uma
hora para outra, sem motivos. A promessa de que a Igreja seria edificada em
cima duma pedra, contra a qual não prevaleceriam as portas do inferno, não
seria tão facilmente esquecida, como promessa de político.
A causa só não enxerga quem não quer: os concílios denominados
Vaticano. A Igreja Católica começou a perder adeptos exatamente a partir da
época desses concílios. Ao simplificar os ritos, a cúpula da Igreja despiu o
mistério, que sempre foi a grande força da liturgia. Lá, onde o rito ainda é
mantido, na frente do Vaticano, o povo comparece em massa, mas nas igrejas por
esse mundo afora onde tudo se banalizou, o violão substituiu o órgão, o canto
sacro virou moda de viola. As igrejas deixaram de ser aquelas edificações
engrandecidas pela arte, para serem simples locais de reunião, um salão
como muitos outros. Os seminários e
conventos estão desaparecendo, a procura pela carreira sacerdotal é
insignificante.
Quem for a uma dessas igrejas do Edir Macedo e a uma igreja
católica pouca ou nenhuma diferença verá no rito, que não passa de
teatralização. A diferença só está nos “milagres de cura” que os pastores do
Edir prometem a quem pagar o dízimo.
Além disso, despindo seus sacerdotes da sotaina que os
diferenciava, a Igreja facilitou os desmandos pessoais de muitos padres. Sem a
batina e sem a tonsura, também abolida, eles se sentem livres, iguais a
qualquer um, podem ir a toda parte sem serem identificados, da zona do
meretrício a qualquer bailão. Que o digam as aberrações sexuais de muitos
padres e o abandono da carreira sacerdotal.
Se era intenção do Concílio Vaticano buscar o crescimento
apostólico através da participação do povo nos rituais, o tiro saiu pela
culatra. E o resultado está aí nas estatísticas.
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