A INTELIGÊNCIA É INIMIGA DA VIRTUDE
João Eichbaum
O homem é o mais inteligente
dos animais, o mais malicioso, o mais concupiscente, o mais vaidoso, o mais
ganancioso e, exatamente por tudo isso, o mais feroz. Só não é o mais
preguiçoso, porque a inteligência lhe impede que seus esforços sejam limitados,
quando tem em mira as satisfações exigidas pelo ego.
Por ser o mais inteligente,
ele concebe e fabrica as armas que, subsidiando suas forças, o tornam mais
feroz do que qualquer outro animal, quando se trata de derrotar o inimigo, ou de
conquistar alvos ditados por seus interesses.
É o mais malicioso porque,
também usando de sua inteligência, concebe armadilhas, materiais ou morais,
para atingir seus objetivos: a concupiscência, a ganância, a vaidade.
A serviço da concupiscência,
que é a exacerbação da necessidade sexual imposta pela natureza, ele não poupa
a inteligência, nem aceita limites, a ponto de transformar em objetivo do sexo
atividades fisiológicas destinadas para outros fins.
Mais armadilhas do que armas
o homem coloca a serviço de sua vaidade. Com a sedução ele conquista a fama,
que é a mais aguda materialização da vaidade.
Mas o alvo maior da ganância
do homem é o poder, exatamente porque esse lhe proporciona dinheiro e satisfação
da concupiscência e da vaidade.
Como se vê, é um verdadeiro
círculo vicioso, que começa no ego e
volta para esse ego em forma de
satisfação, ou de frustração, porque não se pode esquecer que todos os concorrentes
da espécie querem os mesmos objetivos e muitos deles têm armas ou armadilhas
mais eficientes.
É por isso que a vida não é
outra coisa senão um monstruoso “salve-se quem puder”: poucos têm muito, muitos
têm pouco, outros, nem sentido têm para viver. E sendo um círculo vicioso,
nada, até hoje, conseguiu transformar o homem. A maior das tentativas talvez
tenha sido a do cristianismo, que está fracassando cada vez mais, exatamente
porque a ideia foi concebida e desenvolvida por homens, que podem escapar de
alguns, mas não de todos os defeitos, exacerbados pela inteligência.
Afinal, só há uma vaidade maior
do que a de criar uma filosofia de vida, considerando-a inspiração divina: a de
se atribuir a infalibilidade como “representante” de Deus na terra.
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