NOVELA MEXICANA COM ALI BABÁ E
OUTROS LADRÕES
João Eichbaum
Assim, ó.
Rosemary Nóvoa de Noronha, casou com José Cláudio de Noronha e fez uma
filhinha, a Mirelle.
Rosemary tem porte de mulherão, com um par de peitos de boa qualidade,
lábios espessos, um olhar de languidez sensual, e o cabelo escorrido que
nenhuma mulher “sexy” dispensa.
Com todo esse currículo ela foi assessora do José Dirceu – você já ouviu
esse nome de algum lugar, não é? – durante doze anos.
De outras qualidades, além dessas, ninguém fala. Mas só essas já
bastariam para que o José Dirceu a apresentasse para o Lula, que a colocou,
imediatamente na sua assessoria.
Não vou falar aqui das viagens que ela fez com o Lula, sem constar da
lista oficial da equipe, para não chamar a atenção da dona Marisa, nem insinuar
bobagens, tipo que ela sempre ocupava nessas viagens um apartamento próximo
do Lula, para atendê-lo em suas necessidades imediatas.
Só vou resumir tudo assim: quando o Lula passou a faixa presidencial para
a Dilma, um dos seus pedidos foi o de que mantivesse a Rosemary como chefe do
gabinete da Presidência da República em São Paulo, com um salário de mais de
onze mil reais.
Com intimidade suficiente para chamar o Lula de “Luiz Inácio”, a Rosemary
não só se arrumou na vida como arrumou emprego para o marido e para os amigos
Paulo e Rubens Vieira. Depois de colocá-los no governo, cobrou um emprego também
para sua filha, a Mirelle.
A coisa andava assim nesse pé,
quando entrou um personagem chamado Cyonil em cena. Cyonil da Cunha Borges, auditor do TCU, recebeu uma cantada do Paulo Vieira, amigo da Rosemary: tocar um parecer favorável à empresa
Tecondion, que opera no Porto de Santos, e é cliente de “consultoria” de José
Dirceu, por trezentos mil pilas.
Cyonil recebeu só cem mil e não recebeu a resto. O resto, os duzentos,
que não foram pagos, transformaram o Cyonil em pessoa honesta e ele jogou os
dejetos humanos do Paulo Vieira no ventilador.
E aí deu nisso: polícia federal na parada, os irmãos Vieira, a Rosemary, a
filha dela e outros figurantes demitidos.
Agora que a coisa fedeu, o Lula diz que foi apunhalado pelas costas, o José Dirceu diz que nada
tem a ver com isso, a Dilma diz que apertou o botãozinho do “phodam-se”, e
sobrou até para o, agora, ex-marido da Rosemary, José Cláudio, cuja única colaboração
consistiu em botar a mulher, com aquela belezura toda, na vitrine do poder.
Ou vocês queriam que uma novela mexicana terminasse bem, com esses
personagens felizes para sempre?
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