sexta-feira, 11 de janeiro de 2013



Jorge Serrão

O providencial problema climático que provoca a falta de água da maioria dos reservatórios para geração de energia hidrelétrica se transforma em uma boa oportunidade para o governo Dilma Rousseff agradar as grandes transnacionais de energia que têm gás a carvão sobrando para vender a preços altos. Eis o motivo pelo qual o Ministério das Minas e Energia – gerido pelo esquema de José Sarney – pretende manter as usinas térmicas ligadas por mais tempo que o necessário.

Como de costume, quem vai pagar a conta é o consumidor final, via aumento de tarifas de energia. O governo insiste no ilusionista discurso de que promoverá uma queda de tarifas em até 20%, no médio prazo, enquanto admite que pode ser obrigado a praticar aumentos nas tarifas, no curto prazo, para compensar os altos gastos com as térmicas. No fundo, por trás de tudo, está o plano de mudar o jogo de investidores no setor elétrico brasileiro, diminuindo a participação do esquema hidrelétrico para a metade da matriz.

O plano faz parte de uma guerra de bastidores com investidores internacionais – hoje identificados como os patrocinadores de uma guerra de dossiês e sistemas ilegais de espionagem para atingir membros do atual governo, tendo como alvo principal o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A tungada promovida pelo governo Dilma no sistema Eletrobrás – gerando falta de ganhos e consequentes prejuízos para os grandes investidores de fora – faz parte da tática de mudar as peças do jogo energético. 

A intenção oficial é que as térmicas tenham mais presença na matriz energética do Brasil, chegando a 20% do mercado gerador. Elas deixariam de ser usinas de complementação para se transformarem em usinas de base – mesmo que isto contrarie compromissos ambientais assumidos pelo Brasil. O governo também quer novas empresas (e parceiros) investindo em fontes renováveis de energia – como energia eólica e biomassa – que podem atingir 30% de participação da matriz de energia. 

Outra clara intenção do governo é aliviar a intensa pressão sofrida por investidores do setor de óleo e gás. O jeitinho é aumentar os ganhos das petroleiras aproveitando a falta de água nos reservatórios para justificar mais gastos com a chamada “energia suja”. De cara, Petrobrás e Raizen (Shell) terão bons lucros com a venda de gás a preços mais altos para financiar a geração de energia termelétrica. Com elas lucrando, os investidores também se acalmam, enquanto ganham tempo para diversificar suas aplicações nas novas alternativas energéticas que o governo pretende oferecer.

O drible do governo já está indicado. Resta saber se o mercado vai aceitar a jogada em combinação. Por enquanto, os investidores (principalmente da Eletrobrás) não desejam trégua contra o governo. É forte a tendência de que sejam movidos processos no exterior para anular a assembleia geral da Eletrobras que causou os megaprejuízos. 

Fonte:  serrao@alertatotal.net


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