PREÇO DA MISSA: R$ 45.000.00
João Eichbaum
Pelo jeito, Deus anda meio atrapalhado nos seus
negócios...
Claro, são muitas as empresas do mesmo grupo, a Igreja
Católica Apostólica Romana, S.A. Cada empresa tem orçamento próprio e quer
incrementar sua receita, para mostrar
serviço perante o Chefe.
Querem ver?
A arquidiocese de Santa Maria, no Rio Grande do Sul,
paga cerca de quarenta e cinco mil reais para outra empresa do mesmo grupo
pertencente a Deus, a Rede Vida de Televisão, pela transmissão de uma missa
mensal.
Quando alguém reclamou que era muito dinheiro para uma
missa só, a arquidiocese veio dar explicações: não, não é só missa, tem ainda
três minutos de catequese incluídos no preço.
Ah, bom, então tá. Com três minutos de catequese
desembarcarão milhões de almas no atracadouro do céu. Contaram para o arcebispo
e ele acreditou.
Mas, o que eu queria comunicar, mesmo, para vocês, é
que essa missa de quarenta e cinco mil reais, que inclui uma gorjeta de três
minutos de catequese, é rezada em segunda-feira.
Missa em segunda-feira. Já pensaram?A igreja lota de
velhinhos que, na falta do que fazer, tratam de investir na alma, porque da
carcaça dolorida do corpo nada mais podem esperar, salvo as insídias da
velhice.
Dia desses assisti, pela televisão, a milionária
missa. Então ouvi e vi coisas assim. Durante o ofertório o povo desfilava pelo
corredor central, levando “oferendas”. Não foi possível distinguir em que essas
consistiam. E desde aquele momento, até o fim da missa, corria pela tela o
endereço do site do Santuário da Medianeira e o número da conta e da agência do
Banco do Brasil, onde poderiam ser depositadas “as oferendas”. Quer dizer, Deus
se integrou na era eletrônica. Não tem mais aquela de “olhai as aves do céu...”
E para completar, vi o bispo fazer um sinal da cruz
sobre os cestinhos cheios de oferendas, que o povo levara, pedindo que Deus se
dignasse “transformar aquelas oferendas no corpo e no sangue de Nosso Senhor
Jesus Cristo”.
É uma estranha liturgia. Negócios bancários não
combinam com missa, e o escambo de dinheiro pelo corpo de Jesus Cristo soa como
rito pagão de péssima qualidade.
Mas são coisas como essas que explicam coisas piores,
tipo ter que suplicar a Deus para que ele “tenha piedade de nós”.
Sendo ele um deus onipotente, onisciente, onipresente,
etc. e tal, será que não nota que o cara tá precisando? Será que ele não vê o
suplício dessa vida inventada por ele? É preciso suplicar pra que ele se ocupe
da gente, quando a gente tá numa pior? É preciso demovê-lo da indiferença? Será
que ele não sabia que, mandando dois pecadores se “multiplicarem” no mundo, ia
dar nessa merda toda?
Terei de me recolher a um convento, fazendo votos de
castidade, para não trair nenhuma das minhas paixões estabelecidas, e estudar teologia.
Preciso exorcizar a idéia de que inventaram um Deus cheio de defeitos.
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