quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


UMA PAPISA CHAMADA OLÍMPIA

João Eichbaum

Conservador, Bento XVI, que hoje se despede do povo, jamais abriria mão de suas convicções pessoais, para testar mudanças de peso nos costumes da Igreja. Talvez um dos muitos dilemas que o tenham atormentado, a ponto de obrigá-lo a sair de cena, tenha sido o de ter que aturar a homossexualidade que domina as novas, assim chamadas, vocações sacerdotais, a admitir mulheres no presbitério.
Será que ele conhecia a história de Olímpia Maidalchini?
Se ele não a conhecia, vocês a conhecerão antes dele.
A biografia dessa grande eminência parda da Igreja Católica é uma das muitas versões sobre pecados cometidos na sacristia, ao longo da cristandade. Condimentada com sexo, claro.
Olímpia, não era exatamente uma guria bonita, mas tinha charme e o instinto natural da sedução, que lhe provinha dos olhos negros, provocadores. Pobre, foi metida num convento, única maneira de ser alguma coisa na vida, como até pouco tempo atrás acontecia com as meninas da roça, aqui no Brasil também.
Só que a Olímpia não agüentou e, aos quinze anos, fugiu do convento, depois de ter debitado assédio sexual, maldosamente, a um pobre velhinho, já broche, que era seu confessor. Essa atitude mostra quem era ela: uma pessoa decidida e sem escrúpulos.
Pois sabem o que ela fez? Aproveitou sua mocidade e seu poder de sedução: se casou por dinheiro com um rico romano, se encheu da grana, ficou viúva e continuou a procurar espaços para subir na vida. Não deu outra: casou de novo e, dessa vez, para conquistar um título de nobreza.
A partir daí ninguém mais segurou essa mulher de personalidade forte e dominadora. Seu segundo marido era irmão do cardeal Giambattista Pamphili. Agora cheia da grana e integrando a nobreza romana, ela pôs em evidência seu poder, empurrando para o trono papal o cunhado, que assumiu o nome de Inocêncio X.
Líder por natureza, dominou o indeciso cunhado e, viúva, fez dele seu amante, assumiu a política internacional do Vaticano, travou guerras, patrocinou grandes artistas, nomeou cardeais, organizou pompas, embelezou Roma, tudo por trás dos bastidores. Claro que caiu na boca do povo. Foi admirada e aplaudida, mas não menos odiada e temida, por ser mulher, exercendo a liderança num mundo que era, e ainda é, dominado pelos machos.
Mas, a sua ambição não era só pelo poder. O ouro do Vaticano também a seduzia. Quando a doença começou a dar cabo do cunhado e amante, anunciando o fim, ela tratou de apanhar a sua parte no Tesouro da casa de Pedro. Nem o funeral do papa ela pagou.
Inocêncio X passou para a história como um papa de grandes realizações. Mas Olímpia, que foi a verdadeira governante do Vaticano, ficou com a melhor parte: o tesouro.
Será que Joseph Ratzinger conhece mulher melhor do que a gente?


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