UMA PAPISA CHAMADA OLÍMPIA
João
Eichbaum
Conservador, Bento XVI, que hoje se despede do povo,
jamais abriria mão de suas convicções pessoais, para testar mudanças de peso
nos costumes da Igreja. Talvez um dos muitos dilemas que o tenham atormentado,
a ponto de obrigá-lo a sair de cena, tenha sido o de ter que aturar a
homossexualidade que domina as novas, assim chamadas, vocações sacerdotais, a
admitir mulheres no presbitério.
Será que ele conhecia a história de Olímpia
Maidalchini?
Se ele não a conhecia, vocês a conhecerão antes dele.
A biografia dessa grande eminência parda
da Igreja Católica é uma das muitas versões sobre pecados cometidos na
sacristia, ao longo da cristandade. Condimentada com sexo, claro.
Olímpia, não era exatamente uma guria
bonita, mas tinha charme e o instinto natural da sedução, que lhe provinha dos
olhos negros, provocadores. Pobre, foi metida num convento, única maneira de
ser alguma coisa na vida, como até pouco tempo atrás acontecia com as meninas
da roça, aqui no Brasil também.
Só que a Olímpia não agüentou e, aos
quinze anos, fugiu do convento, depois de ter debitado assédio sexual,
maldosamente, a um pobre velhinho, já broche, que era seu confessor. Essa
atitude mostra quem era ela: uma pessoa decidida e sem escrúpulos.
Pois sabem o que ela fez? Aproveitou sua
mocidade e seu poder de sedução: se casou por dinheiro com um rico romano, se
encheu da grana, ficou viúva e continuou a procurar espaços para subir na vida.
Não deu outra: casou de novo e, dessa vez, para conquistar um título de
nobreza.
A partir daí ninguém mais segurou essa
mulher de personalidade forte e dominadora. Seu segundo marido era irmão do
cardeal Giambattista
Pamphili. Agora cheia da grana e integrando a nobreza romana, ela pôs em
evidência seu poder, empurrando para o trono papal o cunhado, que assumiu o
nome de Inocêncio X.
Líder
por natureza, dominou o indeciso cunhado e, viúva, fez dele seu amante, assumiu
a política internacional do Vaticano, travou guerras, patrocinou grandes
artistas, nomeou cardeais, organizou pompas, embelezou Roma, tudo por trás dos
bastidores. Claro que caiu na boca do povo. Foi admirada e aplaudida, mas não
menos odiada e temida, por ser mulher, exercendo a liderança num mundo que era,
e ainda é, dominado pelos machos.
Mas,
a sua ambição não era só pelo poder. O ouro do Vaticano também a seduzia.
Quando a doença começou a dar cabo do cunhado e amante, anunciando o fim, ela
tratou de apanhar a sua parte no Tesouro da casa de Pedro. Nem o funeral do
papa ela pagou.
Inocêncio
X passou para a história como um papa de grandes realizações. Mas Olímpia, que
foi a verdadeira governante do Vaticano, ficou com a melhor parte: o tesouro.
Será
que Joseph Ratzinger conhece mulher melhor do que a gente?
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