A VIDA MUDA
João
Eichbaum
joaoeichbau@gmail.
Não
poucas vezes a gente ouve as pessoas idosas dizerem “ah, no meu tempo não era
assim”. Quando falam dessa maneira é porque querem criticar os costumes
modernos ou reviver, com saudade, suspirando, um passado que representava
felicidade.
Tudo tem
seu tempo, costuma-se dizer. Até na Bíblia se diz coisa semelhante: “há tempo
para semear e tempo para colher...”
Mas a
verdade é que o animal humano está submetido à força da evolução. Sua
inteligência, principalmente, acaba acelerando esse processo evolutivo.
Sendo
certo que o homem é produto do meio, nos tempos modernos ele vive
constantemente modificando esse meio e é também modificado por ele,
naturalmente. Desenvolve-se aí um fenômeno que obriga o ser humano a
desempenhar um papel ativo e passivo, ao mesmo tempo.
E se o
homem muda, acabam mudando com ele as instituições por ele formadas.
Fiquemos
no Judiciário.
Antigamente,
era raríssima a aparição do presidente do STF nas manchetes dos jornais. A
magistratura era uma atividade reservada para homens reservados, homens
voltados para os autos do processo, para a literatura jurídica, para o
exercício da intelectualidade.
Hoje, por
dá cá aquela palha, o Joaquim Barbosa está aparecendo e gerando notícias. Mas
as notícias que ele gera não são as próprias de um juiz. São notícias do homem.
O homem que apareceu com a namorada, uma gata de vinte e quatro aninhos, benza
Deus! O homem que xingou os juízes. O homem que chamou um jornalista de
palhaço. O forte dele não são suas insígnias de magistrado, suas decisões nos
autos, mas a sua incontinência verbal, sua visível incapacidade de conviver com
idéias contrárias às suas, a furiosa transformação de seu complexo de
inferioridade em poder, sua facilidade em fazer
da emissão de um juízo de valor um bate-boca da pior qualidade.
Joaquim
Barbosa não mostra a reserva e o equilíbrio dos juízes do passado. Ele nunca
foi juiz, e pegou carona na magistratura decadente, aquela que se ajoelha aos
pés dos políticos, rogando a toga de ministro dos tribunais superiores. Agora
ele, que foi levado ao STF para resgatar o dignidade de seus antepassados, está
inaugurando uma nova era no Judiciário: a do juiz nu.
Coisas da
evolução humana.
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