segunda-feira, 15 de abril de 2013


A VIDA MUDA


João Eichbaum
joaoeichbau@gmail.

Não poucas vezes a gente ouve as pessoas idosas dizerem “ah, no meu tempo não era assim”. Quando falam dessa maneira é porque querem criticar os costumes modernos ou reviver, com saudade, suspirando, um passado que representava felicidade.
Tudo tem seu tempo, costuma-se dizer. Até na Bíblia se diz coisa semelhante: “há tempo para semear e tempo para colher...”
Mas a verdade é que o animal humano está submetido à força da evolução. Sua inteligência, principalmente, acaba acelerando esse processo evolutivo.
Sendo certo que o homem é produto do meio, nos tempos modernos ele vive constantemente modificando esse meio e é também modificado por ele, naturalmente. Desenvolve-se aí um fenômeno que obriga o ser humano a desempenhar um papel ativo e passivo, ao mesmo tempo.
E se o homem muda, acabam mudando com ele as instituições por ele formadas.
Fiquemos no Judiciário.
Antigamente, era raríssima a aparição do presidente do STF nas manchetes dos jornais. A magistratura era uma atividade reservada para homens reservados, homens voltados para os autos do processo, para a literatura jurídica, para o exercício da intelectualidade.
Hoje, por dá cá aquela palha, o Joaquim Barbosa está aparecendo e gerando notícias. Mas as notícias que ele gera não são as próprias de um juiz. São notícias do homem. O homem que apareceu com a namorada, uma gata de vinte e quatro aninhos, benza Deus! O homem que xingou os juízes. O homem que chamou um jornalista de palhaço. O forte dele não são suas insígnias de magistrado, suas decisões nos autos, mas a sua incontinência verbal, sua visível incapacidade de conviver com idéias contrárias às suas, a furiosa transformação de seu complexo de inferioridade em poder, sua facilidade em fazer  da emissão de um juízo de valor um bate-boca da pior qualidade.
Joaquim Barbosa não mostra a reserva e o equilíbrio dos juízes do passado. Ele nunca foi juiz, e pegou carona na magistratura decadente, aquela que se ajoelha aos pés dos políticos, rogando a toga de ministro dos tribunais superiores. Agora ele, que foi levado ao STF para resgatar o dignidade de seus antepassados, está inaugurando uma nova era no Judiciário: a do juiz nu.
Coisas da evolução humana.

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