segunda-feira, 29 de abril de 2013


 DESCONFIANÇA NA JUSTIÇA

João Eichbaum

Primeiro foi o falado “controle externo do Judiciário”. A magistratura toda se levantou para bradar contra essa conspiração, que procurava atingir a “independência” do poder atribuído aos homens de toga.
Os brados dos juízes não foram suficientes para abafar a idéia, mas serviram para lhe dar contornos menos drásticos.
O tal de “controle externo” se chama hoje Conselho Nacional de Justiça, um imenso cabide de empregos e espaços para apadrinhados, que ainda não disse, e nunca dirá a que veio.
Experimente, você, cidadão, representar contra um juiz, desembargador ou ministro que não cumpre seus deveres. Você, que não sabe lidar com computador, primeiro vai ter que  domar as teclas, cadastrar sua assinatura e enviar, via eletrônica, o seu pedido. Seu pedido nem chegará ao conselheiro. Vai ficar no meio do caminho, na lixeira eletrônica do “ juiz auxiliar”.
Sem falar que os conselheiros, propriamente, têm que administrar o seu tempo, entre as aulas nas universidades, as viagens para o Rio de Janeiro, São Paulo, o Tribunal Eleitoral, as conferências, e o amor, naturalmente, que sem ele ninguém vive. Ah, me esqueci de referir que eles também têm outras funções jurídicas, ou judiciárias. Só não me perguntem se as cumprem, ou se apenas assinam o que os assessores decidem.
Como não deu em nada o CNJ, agora foi aprovada uma proposta de emenda constitucional que eleva o Congresso ao patamar de segunda instância do Supremo: “súmulas vinculantes” e declaração de inconstitucionalidade passarão pelo crivo do Poder Legislativo, segundo a proposta.
Este é o primeiro passo para oficializar a desconfiança nessa Justiça, que decide com escores apertados e só falta ir para os pênaltis.
Mas, quem é que bota a toga de ministro nessas criaturinhas que, depois de vestidas com a roupa preta, se acham donas do mundo e rainhas da cocada preta? Essas criaturinhas que rastejam aos pés de políticos, bispos, cardeais, empresários, implorando sua nomeação para os tribunais, essas criaturinhas, pergunto, quem faz delas ministros dos tribunais superiores?
Não seria necessário arrancar os alicerces do Judiciário para melhorar a Justiça. Bastaria escolher as pessoas honestas e verdadeiramente capacitadas para o cargo de ministro. Aí o Judiciário deixaria de legislar e não despertaria tesão no Legislativo para julgar.
Não. Estou exigindo o impossível. Essa classe política desqualificada, que vai do Maluf ao Renan Calheiros, escolhida pela consciência boçal de um povo cabresteado pelo "bolsa-família" e outras esmolas, não tem referências sobre capacidade e honestidade. Não teria como escolher melhores ministros.
Então, que nos lixemos:o governo nos "fucks". 

Nenhum comentário: