terça-feira, 30 de abril de 2013


TROCANDO AS BOLAS

João Eichbaum

Assim, ó. Primeiro foi o Fux, que se ajoelhou na frente de meio mundo, pedindo para ser ministro do Supremo Tribunal Federal. Na área judiciária, seu padrinho era o advogado Sérgio Bermudes, patrão da filha dele. E espalhou por aí: o Fux é um excelente juiz, é grande jurista. O recado foi passando de boca em boca, até chegar aos ouvidos da área jurídica do governo.
Na área política, o Fux chegou ao Grande Chefe, espécie de Touro Sentado, o homem de mais de uma cara, de mais de um nome, de mais de uma identidade, conhecido atualmente como Zé Dirceu. Em troca da toga de ministro, o Fux prometeu a absolvição do dito Zé Dirceu.
De posse da toga, a primeira coisa que fez o Fux foi rasgar o artigo 226, § 3º da Constituição Federal. Acabou com a diferença de sexo para o acasalamento. Decretou que agora pode homem com homem, mulher com mulher. E nessa reforma constitucional foi acompanhado até pelo Peluso, que queria ser padre.
Depois, reformou o Código de Processo Penal, exatamente para condenar o Zé Dirceu, a quem tinha prometido absolvição: agora se pode condenar por presunção, porque a “teoria do domínio do fato” está acima da lei.
Mais tarde, o mesmo Fux concedeu uma liminar, se metendo na pauta do Congresso, ao exigir que os vetos fossem levados a plenário por ordem de antiguidade.
Agora, o Gilmar Mendes manda suspender a tramitação de um projeto que limita para partidos novos o tempo na TV e a participação no Fundo Partidário.
Bom. Em revide a tudo isso, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou um projeto de emenda constitucional, que  faz do Congresso uma instância superior ao STF, nos casos de “súmula vinculante” e “declaração de inconstitucionalidade”.
Agora, com essa aprovação na CCJ, o mundo está vindo abaixo. E toda a imprensa mete o pau no Nazareno Fonteles, autor da proposta.
Já eu, como disse ontem, vejo todos no mesmo nível: ministros e congressistas. Ninguém é melhor do que ninguém. Ninguém tem mais moral do que ninguém. Ponham os ministros no Legislativo e os congressistas no Judiciário e a cacaca vai ser a mesma.
O Judiciário pediu e levou. Os juízes sairam dos autos e foram para as telas de TV, para as manchetes. E começaram a se achar. Mas não sabem distinguir os limites entre a jurisprudência e a legislação.
Bem feito.

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