quarta-feira, 26 de junho de 2013

A COPA DAS INDIGNAÇÕES
João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com
Menos de vinte e quatro horas depois das vaias no Mané Garrincha e do levante da turba dos indignados, quando os políticos ainda zanzavam à cata das razões que levavam multidões às ruas, iluminado por um clarão que só o diabo consegue acender eu já perguntava: “será que o povo está se dando conta de que temos um Legislativo que só faz leis burras, um Executivo que só quer o nosso dinheiro, e um Judiciário que não tem a mais puta idéia do que seja Justiça?”
Um dia depois, aparecia a manchete na Folha de São Paulo: “Contra tudo” e por mudanças, milhares vão às ruas”.
Mais dois dias e surgia o resultado da pesquisa realizada pelo Datafolha: da população de São Paulo, apenas 19% acha que o Executivo tem muito prestígio, 42 % dizem que o Legislativo não tem prestígio algum e apenas 20% têm o Judiciário na conta de alguma coisa que preste.
O último baluarte da esperança, que era o Judiciário, está assim, na credibilidade dos paulistanos e, “mutatis mutandis”, dos brasileiros: apenas 1% a mais do que o Executivo, e perdendo feio para os políticos.
Assim é: o povo está revoltado contra a má administração, o uso do poder em proveito pessoal e a inoperância do sistema como um todo.  O transporte público é caro porque não tem qualidade: seus concessionários são achacados pelos políticos e, por sua vez, exploram os que ralam a barriga nas catracas. O sistema viário sem investimento provoca exasperantes engarrafamentos, a polícia de tocaia pratica verdadeira extorsão com multas. É mais fácil pegar bêbados ao volante do que construir estradas seguras, pois assim sobra dinheiro para a corrupção. Enquanto isso, o Judiciário faz vistas grossas para a dupla tributação, a do IPVA e a dos pedágios.
Por mais que alguém puxe pela memória, jamais irá lembrar da última lei que fez feliz a todos os brasileiros. Pelo contrário, as leis de que ninguém esquece são a que entregou o país ao domínio do crime, com o desarme dos cidadãos honestos, e a que impediu até o padre de rezar missa, se tiver que dirigir veículo.
É para isso que deputados e senadores embolsam tudo o que podem, privilégios na saúde, verbas de gabinete, diárias, viagens, indenizações, forrando as burras, e ficando ricos de uma hora para outra? Claro, é por isso que todo mundo morre, mas o Sarney ainda está no poder.
E o Executivo, que não presta conta dos gastos com cartões corporativos, que ao invés de criar empregos dá bolsa-família, que banca a  truculência do MST, mas paga merrecas para os professores, que resposta dá para os impostos que a classe média paga?
De que adianta pagar imposto, se ainda precisa pagar escola, plano de saúde, e um guardinha para dar um olhada na casa de vez em quando?
E o Judiciário, cheio de pompa e lerdeza, que julga os outros, mas não cuida do própria cauda, denunciada pelo guiso das mordomias e privilégios? E que dizer de juízes, desembargadores e ministros, que assinam sentenças feitas por estagiários e assessores? O que se espera de um Judiciário que ordena a soltura de assassinos, estupradores, assaltantes, em nome dos “direitos humanos”, e nos manda para a cadeia, só porque tomamos umas biritas e pegamos nosso fusquinha meia zero, ou porque - já que não temos telhado de vidro - jogamos umas pedrinhas nas vidraças da Prefeitura?
Dá licença, motivo para berrar nunca faltou. Mas, agora estourou o saco de todo mundo.





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