QUANDO A JUSTIÇA PERDE O RESPEITO
João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com
A Justiça, ultimamente, só anda criando
confusão.
O uso de força, ordenado pela Judiciário,
para expulsar os índios de uma área de terras reivindicada por fazendeiros,
resultou na morte de um índio.
Foi o estopim. Agora, brigando pelo seu espaço, há índios trancando
estradas, levantando bordunas, promovendo protestos, enchendo o saco dos
caras-pálidas, como poucas vezes na história se viu.
Dias atrás, desembargadores do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, concedendo uma ordem de “habeas
corpus”, determinaram a soltura de quatro réus presos, por conta do processo
instaurado em razão das mortes e das lesões ocorridas no incêndio da boate
Kiss, em Santa Maria.
Foi a conta. Os familiares das vítimas se
revoltaram, foram para as ruas, trancaram o trânsito, fizeram discursos,
exibiram cartazes, botaram nariz de palhaço, e uma senhora de idade respeitável
ainda subiu nas tamancas para agredir um dos advogados dos réus.
Desde o resultado da decisão, há um clima
de revolta em Santa Maria, patrocinado por essas pessoas ligadas às vítimas do
incêndio. Ontem, um pacato conjunto de músicos que celebrava, na rua principal,
o aniversário daquela cidade, apresentando um espetáculo musical, foi
interrompido por parentes das vítimas da boate Kiss, gerando-se um atrito
público, com ameaças e bate-bocas, deixa disso.
Católicos e evangélicos, desde ontem, se
postaram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra o
casamento gay, inventado pelo Conselho Nacional de Justiça. Aproveitarão a
ocasião esses grupos para pressionar o Congresso contra a liberação do aborto,
contra a criminalização da homofobia – um projeto de lei que quer obrigar todo
mundo a gostar de veado - e contra a indicação do advogado Luís Roberto Barroso
para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal.
E tudo começou com o votinho aquele do
Fux, que rasgou a Constituição Federal e revogou as leis da natureza,
decretando que todo mundo é a mesma coisa, que agora não é só mulher de amigo
que é homem, que homem também pode ser mulher.
É isso que acontece quando a sabedoria dos
juízes cede às fraquezas humanas do autoritarismo, da vaidade e da falta de bom
senso: mina-se a fortaleza da Justiça.
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