quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A FEIRA DE FRANCKFURT


João Eichbaum

Por esses dias está acontecendo a “Buchmesse”, a feira de livros de Frankfurt, de dimensão internacional, objeto de desejo de editores e escritores do mundo inteiro.
Neste ano o país homenageado da feira é o Brasil.
Então, nem preciso dizer para vocês que o ufanismo tomou conta de altos próceres, e a primeira coisa que fizeram foi gastar o dinheiro do povo brasileiro que, diga-se de passagem, não ta nem aí para a tal de feira e muito menos para as homenagens ao Brasil.
Foi um dinheirão para montar o estande do Brasil e mais um monte de dinheiro para garantir viagem, hospedagem e estadia de setenta escritores. Dos muitos e bons escritores que conheço, nenhum foi convidado. Não sei qual foi o critério que norteou a escolha.
Não sei, é a maneira de dizer. Todo mundo sabe. O puxassaquismo impera numa hora dessas, a amizade, o engajamento político, etc, etc.
Mas, em todo o caso, a seleção dos convidados está dando um bode danado. Quem assumiu a bronca foi ninguém menos do que Paulo Coelho, o escritor mais conhecido e que mais vende livros no exterior.
Paulo Coelho se negou a participar da feira. Foi arrogante, não tem dúvida. Mas foi de uma arrogância necessária: ele não quis se misturar com qualquer um, como as Cíntia Moscovitch da vida, por exemplo, que vem sendo imposta goela abaixo pela RBS. Atribui-se a Paulo Coelho a declaração de que não há escritores profissionais entre os que foram levados por nossa conta para Franckfurt.
Já na Alemanha se fala em discriminação racial porque, entre os tais escritores, só há um negro.
Acho que o fiasco já está feito. O único escritor brasileiro conhecido na Alemanha e no mundo, quer queiram ou não, é Paulo Coelho. Para os leitores alemães é ele que representa a literatura do Brasil. E para os editores e livreiros a presença dele é muito mais importante do que a de todos os que foram levados para lá. Afinal, numa feira o que conta mesmo são as vendas. E campeão de vendas o Paulo Coelho é, há muito tempo.
Mas, vocês sabiam quem está à testa do Ministério da Cultura que organizou a caravana e provocou o fiasco internacional?

Bom dizendo isso, não preciso dizer mais nada: a Marta Suplicy.

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