Aileda de Mattos Oliveira
Ontem, jesuítas. Por duzentos e dez anos ocuparam a terra.
O pulso frouxo de Portugal, dócil ao poder espiritual, foi a deixa para
idealizarem o Império Teocrático. Os índios foram as pedras do grande tabuleiro
nas jogadas políticas da Igreja para atingir o alvo. Por trás, sempre um
governo submisso!
Hoje, piratas do CIMI e das ONG, aos montes. Todos a
serviço dos corsários internacionais. Todos dominando não ingênuos silvícolas,
mas um bando fantasiado de autóctones, cocares de plástico e
tangas fashions, aculturados no estrangeiro, de muito valor agregado pela
preciosidade do solo amazônico onde pisam, já espoliado pela gatunagem
estrangeira. O alvo: sempre eles, os índios!
Caricaturas da população indígena de outrora, conduzidos
por grupos mafiosos, tornaram-se lastimáveis e corrompidas peças de manipulação
política, nacional e internacional, inescrupulosa e imoral, acobertada por
autoridades, políticos e juristas brasileiros.
Mentalmente, distancio-me do Brasil. No afastamento
necessário à visão integral de povo e território, chego à triste realidade.
Escorreram pela sarjeta da estagnação, quinhentos e treze anos de existência.
São mais de cinco séculos de completo desapreço pelo conhecimento, pelo estudo,
pela vontade de progresso. São mais de quinhentos anos de parasitismo social,
de negligência, de paralisia mental, de espera pelas terras celestiais, herança
das promessas dos batinas, ainda na Colônia, em vez de enterrar as mãos na
terra terrena e fazer prosperar o paraíso que lhe foi dado, sem merecimento, é
certo, por ser um povo indigno de nele pisar.
Mas desígnios são desígnios. Como já disse algumas vezes,
se não são explícitas as razões dos fatos, se os desígnios não são
decodificados, tenho o direito de expor as minhas próprias interpretações.
O Brasil é um caldeirão de criaturas e não de pessoas,
onde um monturo de interesses individuais tem em comum a obediência à lei de
Murici, “cada um por si”, à qual acrescentaram “e Deus por mim”. O Brasil é um
vazadouro de ignorantes, exigentes nos seus direitos, refratários a quaisquer
deveres. Traz em seu bojo uma tropa de renegados que aqui nasceu para focinhar
vantagens, daí a lista de políticos bandidos que infestam os Poderes, eleitos
por seus iguais.
O Brasil se transformou no sorvedouro da imundície moral.
É o asilo que recolhe os indesejados, foragidos, venais, corruptos,
guerrilheiros desta e de outras plagas.
Vejo o povo com desprezo, justamente por ele relegar o
crescimento interior e manter-se na infância do desenvolvimento espiritual,
satisfeito com o frívolo epíteto de ‘cordial’, mal-interpretado para benefício
próprio.
Sinto pelos políticos, asco. Dedico ao esquerdismo, ponto
abissal da decomposição integral do indivíduo, repugnância. E ainda achamos que
somos privilegiados por termos “um país de dimensões continentais”, chavão de
marqueteiros pops. País enorme, povinho pequeno.
Negativismo? Não, apenas uma análise sem eufemismo da
nossa triste, pobre e atrasada realidade sobre esta população inútil que, pela
bolsa-filho, já atingiu a casa de mais de cento e noventa milhões de almas.
Almas? Não é à toa que ‘alma’ e ‘lama’ são anagramas.
Como não há quem preencha os requisitos necessários para
trazer de volta o respeito às normas constitucionais, à disciplina e à
hierarquia, penso que somente algo como a erupção do Vesúvio possa dar jeito
neste país de saqueadores de dentro e de fora.
Aileda de Mattos Oliveira é Dr.ª em Língua Portuguesa.
Fonte Alerta Total –www.alertatotal.net
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