UMA
FREIRA QUE QUER SER PRESIDENTE
João Eichbaum
Vou escrever sobre o que não sei. Não li os autos, não
sei o que ali se contém. Tudo o que sei
é através da imprensa.
Dizem que havia assinaturas falsificadas no pedido de
registro do partido da Marina, o tal de Rede.
Em todo o caso, seja como for, a imprensa já alardeava
que o Tribunal Superior Eleitoral iria indeferir o pedido.
Só quem não sabia disso era a própria Marina Silva.
Porque ela ainda acredita na Justiça.
Quem o diz é ela mesma. Em artigo publicado hoje na
Folha de São Paulo, intitulado EU JÁ SABIA, ela começa dizendo que não é nada
disso, que é brincadeira, que escreveu o artigo antes da decisão do
Tribunal Superior Eleitoral, e que ela acredita na Justiça.
Para quem não sabe: Marina Silva é uma ex-freira, que
continua a pensar como freira, embora tenha bandeado para o lado de outras
religiões.
Vamos por partes. Se a Marina acredita na Justiça, é
porque ela não conhece a Justiça. A começar pelo próprio Superior Tribunal
Eleitoral, de que dependia a aprovação do seu partido.
Realmente, ela não deve saber que o dito Tribunal é
composto por alguns juízes e alguns advogados, todos nomeados pela Presidência
da República. Quer dizer, um tribunal inteiramente dependente de políticos,
como, de resto, o são os demais tribunais, ditos superiores.
Que alguns dos ministros entendam de Direito
Eleitoral, até se admite, embora a maioria nunca tenha presidido uma eleição
para prefeito municipal sequer. Os advogados que compõem o tribunal são
simplesmente apadrinhados ou causídicos que conhecem Direito Eleitoral
exatamente porque patrocinaram causas de partidos políticos, aos quais devem
eterna gratidão. E, diga-se de passagem, os últimos foram nomeados pelos
governantes do PT.
A esses “ministros” do TSE se aplica o que o Joaquim
Barbosa já disse: até a tardinha são advogados, quando fecham o escritório se
tornam ministros.
Mas para que fique bem claro porque é que não merece
crédito o TSE: ontem, o único voto favorável à Marina foi o do Gilmar Mendes,
que foi chamado para substituir o Dias Toffoli. Assim, ó: o Gilmar é ministro,
por conta do Fernando Henrique Cardoso; Dias Toffoli, o é por conta do Lula.
Deu para entender? É como chamar o cara do banco de
reservas do time adversário, para fazer gol contra seu próprio time.
Só a Marina, mesmo, para acreditar nessa encenação.
Mas olha, vou dizer para vocês: o único partido que
sentaria para o Brasil seria o FDP, que já tem na Alemanha.
Um comentário:
É, essa ex-freira acredita demais. Diriam os franceses que "à quelque chose malheur est bom". Também a derrocada desse projeto de partido há de servir para alguma coisa: reforça o conjunto das oposições. Mas nunca me entusiasmei com o projeto de Marina.
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