João Eichbaum
Ontem ouvi uma notícia que me deixou embasbacado: cerca de dois milhões de pessoas participaram da procissão do Círio de Nazaré.
Na verdade, na minha monumental ignorância, não sei o que significa isso. Círio,para mim, é vela. O que significa a vela de Nazaré, eu não sei.
Em todo caso, o que penso, é que se trata de crendice. Fazem essa procissão para o"círio", como o fazem para "Nossa Senhora Aparecida" em São
Paulo, para "Nossa Senhora dos Navegantes" em Porto Alegre,"Nossa Senhora Medianeira" em Santa Maria, para o"Corpus Christi", em todo o Brasil, e assim por diante.
Se agente prestar atenção nessas procissões, vai notar o tipo de pessoas que dela participam. Geralmente são pobres, movidos a ignorância e a esperança por uma vida melhor, uma vida que caia do céu.E não faltam políticos, é claro, para
apertar a mão do povo, dar tapinhas nas costas dos crentes, etc.
Uma
pessoa que pensa, que raciocina, não pode ter esperança alguma num
"círio" ou num gesso em forma de figura humana. São simples objetos,
feitos com arte, é verdade, mas produtos da concepção do homem. Existem porque
o homem os concebeu e os criou. Se não existisse o homem, esses objetos não
existiriam. Quer dizer, os "deuses" ou os objetos que os representam,
não existiriam, se não fosse a criatividade dos homens.
Não posso deixar de confessar que me causa
dó a ingenuidade das criaturas que dão crédito a essa forma de estelionato, mas
também não posso deixar de culpá-las pela sua miséria e por nossas decepções.
Pois é através dessa ignorância, dessa ingenuidade, dessa crendice que são
eleitos os espertalhões, os Lulas, os Collor, os Renan. Calheiros, os Sarney e
outros que mandam nessa merda toda. Se as pessoas acreditam em cera e gesso,
porque não hão de acreditar nos discursos e nos tapinhas nas costas, que eles
saem distribuindo na época das eleições e no meio das procissões?
O mal do mundo é a ingenuidade, o substantivo mais parecido com essa coisa chamada fé, mas que não passa de pura superstição.
Mas vai ser assim, sempre. Desde que o homem perdeu o rabo e conseguiu se equilibrar só em duas patas, a vida mudou. Não é mais a natureza que manda nele, mas as suas crendices.
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