sexta-feira, 7 de agosto de 2015

FACEBOOK

João Eichbaum

Umberto Eco foi deselegante ao afirmar que o Facebook dá voz aos imbecis. Não. O Facebook apenas retrata considerável parte da humanidade. Parte. Não retrata toda, por razões óbvias. O mundo hoje abriga seis classes, ou seis camadas sociais: os riquíssimos, os ricos, a classe média, os pobres, os miseráveis e os desclassificados.

Miseráveis e desclassificados não têm voz no Facebook, estão fora dessa. Os riquíssimos e os ricos, certamente, não perdem tempo no Face, porque, famosos, a imprensa se encarrega de divulgar para o mundo inteiro o que eles têm, como são, como vivem, o que sentem.

Então, na realidade, sobram a classe média e os pobres, como protagonistas do Facebook. Em termos de estatística, devem ser a maioria da humanidade, porque riquíssimos são poucos, ricos são alguns, e miseráveis e desclassificados nem entram na contagem desses números, que servem para avaliar alguma coisa.

Você, que não larga o Facebook e passa grudado no computador o dia inteiro, procure fazer uma radiografia. Verificará que a humanidade se apresenta no programa, tal como ela é: vaidosa, exibicionista, depressiva, ociosa, colérica, e dependente de lavagens cerebrais. Para confirmar a regra, existe exceção, claro: os sensatos que usam o Facebook como simples instrumento de comunicação social.

Vaidosa: posa em fotografias, retocadas no fotoshop, que transformam coroas, com protuberância abdominal e cheias de varizes, em moças encantadoras. Exibicionista: mostra só os momentos bons de sua vida, as festas, os encontros festivos, as conquistas. Depressiva: se exibe ou se expressa como vítima do mundo, da incompreensão, da má sorte, do amor perdido, da traição, a vida é uma bosta. Ociosa: passa o dia inteiro no computador, colando e copiando. Colérica: briga e se revolta contra tudo e contra todos, nada é bom, nada está certo. Dependente de lavagem cerebral: bota tudo nas mãos de “Deus’, a quem atribui bondade, misericórdia e solução de todos os problemas, quando ela mesma está metida numa vida que é uma merda.

Quer conhecer a humanidade? Entre no Facebook.



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