FACEBOOK
João Eichbaum
Umberto Eco foi deselegante
ao afirmar que o Facebook dá voz aos imbecis. Não. O Facebook apenas retrata
considerável parte da humanidade. Parte. Não retrata toda, por razões óbvias. O
mundo hoje abriga seis classes, ou seis camadas sociais: os riquíssimos, os
ricos, a classe média, os pobres, os miseráveis e os desclassificados.
Miseráveis e
desclassificados não têm voz no Facebook, estão fora dessa. Os riquíssimos e os
ricos, certamente, não perdem tempo no Face, porque, famosos, a imprensa se
encarrega de divulgar para o mundo inteiro o que eles têm, como são, como
vivem, o que sentem.
Então, na realidade, sobram
a classe média e os pobres, como protagonistas do Facebook. Em termos de
estatística, devem ser a maioria da humanidade, porque riquíssimos são poucos,
ricos são alguns, e miseráveis e desclassificados nem entram na contagem desses
números, que servem para avaliar alguma coisa.
Você, que não larga o
Facebook e passa grudado no computador o dia inteiro, procure fazer uma
radiografia. Verificará que a humanidade se apresenta no programa, tal como ela
é: vaidosa, exibicionista, depressiva, ociosa, colérica, e dependente de
lavagens cerebrais. Para confirmar a regra, existe exceção, claro: os sensatos
que usam o Facebook como simples instrumento de comunicação social.
Vaidosa: posa em fotografias,
retocadas no fotoshop, que transformam coroas, com protuberância abdominal e
cheias de varizes, em moças encantadoras. Exibicionista: mostra só os momentos
bons de sua vida, as festas, os encontros festivos, as conquistas. Depressiva:
se exibe ou se expressa como vítima do mundo, da incompreensão, da má sorte, do
amor perdido, da traição, a vida é uma bosta. Ociosa: passa o dia inteiro no
computador, colando e copiando. Colérica: briga e se revolta contra tudo e
contra todos, nada é bom, nada está certo. Dependente de lavagem cerebral: bota
tudo nas mãos de “Deus’, a quem atribui bondade, misericórdia e solução de
todos os problemas, quando ela mesma está metida numa vida que é uma merda.
Quer conhecer a humanidade?
Entre no Facebook.
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