RESPOSTA ÚNICA PARA TANTA PERGUNTA:
NÃO TEM VIRGEM NA ZONA
João Eichbaum
Não se pode perdoar nos magistrados o
invencível despudor para tirar proveito,
comum nos inescrupulosos. A imoralidade é tamanha que, se alguém disser que tem
vontade de meter o dedo no cu e rasgar, a explosão de raiva soa como piedosa
jaculatória.
Não merecem outro comentário os valores que aparecem
na folha de pagamento dos juízes e desembargadores aposentados do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região. Foi parar
no Facebook aquela vergonha!
Tem juiz que não precisou apostar na sena: mais de
duzentos mil reais caíram no colo dele. Um deboche, um acinte! Num país em que
o trabalhador se rala para ganhar setecentos e setenta e oito reais, e com isso
pagar aluguel de casa, se sustentar, sustentar a família (sustentar é modo de
expressão), um velhinho broxa e pé na cova, por ter sido juiz, ganha mais de
duzentos mil!
Esses senhores, sempre muito bem remunerados, desde
que foram juízes nunca andaram de transporte público. Nunca ralaram num trem,
num ônibus. Eram levados para casa em automóvel adquirido com o nosso dinheiro
e conduzidos por um motorista muito bem pago, também com o nosso dinheiro.
Agora, para a magnificência do próprio ego, os
doutores estão ganhando auxílio-táxi, auxílio moradia, auxílio-merda e todos os
penduricalhos que o Luiz Fux lhes concedeu numa penada só: sem lei. Sem lei e sem
pudor, dando de ombros para os pobres que são despejados, para os miseráveis,
que se amontoam em barracos, para os desqualificados, que dormem na rua.
O que se pode esperar desse país, se os juízes estão
desplugados do senso moral e de justiça, da responsabilidade social, das noções
básicas, primárias, do Direito. Ora, ora, senhores, se ao Legislativo é vedado
o aumento de despesas através de lei, como se outorga o Judiciário esse
direito?
Se um trabalhador se esfalfa 35 anos num chão de
fábrica ou pendurado em andaimes ou na boleia do caminhão, e tem que pagar
mais, enquanto trabalha, para receber menos quando se aposenta, por que um juiz
ganha mais na aposentadoria do que na atividade? Por que uns terminam como
desvalidos dos INSS e outros como paxás da República? Todos são iguais perante
a lei? Como assim?
Onde procurar a Justiça, se a última instância de
todos os tribunais legisla em causa própria e não temos a quem recorrer contra essa
abjeta decisão?
Onde procurar a recomposição dos valores perdidos,
se o Judiciário, aquele Poder que poderia ser nossa tábua de salvação, prefere
se acomodar na ilha da fantasia, do outro lado desse fosso social que separa o
luxo do lixo?
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