sexta-feira, 28 de agosto de 2015

RESPOSTA ÚNICA PARA TANTA PERGUNTA:
NÃO TEM VIRGEM NA ZONA

João Eichbaum

Não se pode perdoar nos magistrados o invencível  despudor para tirar proveito, comum nos inescrupulosos. A imoralidade é tamanha que, se alguém disser que tem vontade de meter o dedo no cu e rasgar, a explosão de raiva soa como piedosa jaculatória.

Não merecem outro comentário os valores que aparecem na folha de pagamento dos juízes e desembargadores aposentados do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.  Foi parar no Facebook aquela vergonha!

Tem juiz que não precisou apostar na sena: mais de duzentos mil reais caíram no colo dele. Um deboche, um acinte! Num país em que o trabalhador se rala para ganhar setecentos e setenta e oito reais, e com isso pagar aluguel de casa, se sustentar, sustentar a família (sustentar é modo de expressão), um velhinho broxa e pé na cova, por ter sido juiz, ganha mais de duzentos mil!

Esses senhores, sempre muito bem remunerados, desde que foram juízes nunca andaram de transporte público. Nunca ralaram num trem, num ônibus. Eram levados para casa em automóvel adquirido com o nosso dinheiro e conduzidos por um motorista muito bem pago, também com o nosso dinheiro.

Agora, para a magnificência do próprio ego, os doutores estão ganhando auxílio-táxi, auxílio moradia, auxílio-merda e todos os penduricalhos que o Luiz Fux lhes concedeu numa penada só: sem lei. Sem lei e sem pudor, dando de ombros para os pobres que são despejados, para os miseráveis, que se amontoam em barracos, para os desqualificados, que dormem na rua. 

O que se pode esperar desse país, se os juízes estão desplugados do senso moral e de justiça, da responsabilidade social, das noções básicas, primárias, do Direito. Ora, ora, senhores, se ao Legislativo é vedado o aumento de despesas através de lei, como se outorga o Judiciário esse direito?

Se um trabalhador se esfalfa 35 anos num chão de fábrica ou pendurado em andaimes ou na boleia do caminhão, e tem que pagar mais, enquanto trabalha, para receber menos quando se aposenta, por que um juiz ganha mais na aposentadoria do que na atividade? Por que uns terminam como desvalidos dos INSS e outros como paxás da República? Todos são iguais perante a lei? Como assim?

Onde procurar a Justiça, se a última instância de todos os tribunais legisla em causa própria e não temos a quem recorrer contra essa abjeta decisão?
Onde procurar a recomposição dos valores perdidos, se o Judiciário, aquele Poder que poderia ser nossa tábua de salvação, prefere se acomodar na ilha da fantasia, do outro lado desse fosso social que separa o luxo do lixo?



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