DOS CUIDADOS COM O RETO
João Eichbaum
Todo o homem tem seu preço. É difícil,
senão impossível, encontrar algum primata humano que escape a essa regra. E há
razão para isso. Existe uma regra maior, à qual está subordinado o preço de
cada um: o ânus. É exatamente o que vocês estão pensando. Essa é a regra maior:
quem tem cu, tem medo.
Os advogados que assinaram um manifesto
explícito contra o Poder Judiciário e implícito (por falta de colhões) contra o
Sérgio Moro, o fizeram por medo do Marcelo Odebrecht. Eles tiveram medo que
saísse da boca do dito Marcelo não aquela frase deseducada, mas sem perfídia,
que manda desocupar as entranhas, mas a outra, de uma sonoridade invasiva e
cheia de petulância: vão tomar no cu!
Era o que faria – com toda a certeza – o
Marcelo Odebrecht, caso eles, por respeito ao Poder Judiciário, se negassem a
redigir ou a assinar o venenoso manifesto. O Judiciário eles respeitam, mas do
Marcelo eles têm medo, porque o dito Marcelo tem o poder maior, o dinheiro.
O Marcelo Odebrecht não é do tipo que se
submete a abstinências e depurações. Ele é insolente e presunçoso, com aquele
jeito de quem lê até as cartas do baralho de Deus, porque tem uma assombrosa
noção de poder.
Mais hoje ou mais amanhã, o dinheiro dele
vai encontrar o destinatário certo, através de um desses canais da República,
por onde, ao invés das águas depurativas da justiça, escorre o excremento da
corrupção. Se não for por sentença ou por decreto, uma lei será parida.
Ou vocês não se deram conta de que
só o Marcos Valério e outros pobres-diabos ainda estão na cadeia por causa do
“Mensalão”?