OS “GRANDES CRIMINALISTAS”
João Eichbaum
O sucesso deles repousa na
lhaneza, no gogó e na disponibilidade de numerário. O gênero, de que eles são
espécie, é muito difundido no planeta. Todo mundo conhece, mas poucos conseguem
evitá-los. São daquele tipo capaz de lhe vender plano funerário, pomada que
cura hemorróidas, bilhete de loteria premiado, terreno na terceira rebentação,
etc. etc.
Quem representa a espécie é
aquele senhor engravatado, terno feito por alfaiate, gravata combinando até com
as cuecas, para qualquer eventualidade. Ele trata a todos com o maior respeito
e a maior gentileza e atende a todas as necessidades dos seres que lhe aplainam
o caminho para o sucesso, do menor ao mais graúdo deles.
Distribuindo sorrisos,
presentes e elogios, o senhor engravatado, cria laços, abre brechas em qualquer
lugar. Até no Código Penal. Da senhora do cafezinho ao ministro, não há quem
não lhe vote especial atenção: é o doutor Fulano, que não se confunde com um
advogado qualquer. Não porque conheça o Direito, mas porque conhece as
criaturas e até lhes adivinha os desejos e as necessidades.
Até que um dia lhe surge um Sérgio
Moro no caminho, mostrando que os réus não mudam o Direito. Então os sorrisos, os
presentes e os elogios do doutor ficam sem destinatário. Em vez de estrada
aberta ou tapete estendido, ele encontra uma muralha na frente.
Nesses maus momentos,
pressionado pelo cliente e seus milhões de reais, o senhor engravatado e bem
falante é obrigado a apelar para a ignorância: atribui aos juízes o mau uso do
Direito, o menosprezo pelo Direito de defesa, a parcialidade, o viés
acusatório, o veneno da Inquisição no processo.
Mas, não tem culhão para
fazer isso nos autos. Escreve no jornal, como o fizeram, na semana passada, os
“donos das maiores escritórios de advocacia do Brasil”, que não conseguiram,
pelos meios legais, tirar da cadeia o pessoalzinho da Lava Jato.
É isso que acontece, quando a
magia da sedução do “grande criminalista” descamba: ele perde o rumo do Direito,
porque não conhece outros truques, e cai na vala comum dos pouco iluminados.
Um comentário:
É pessoalzinho mesmo. Sem vergonha que não tem o mínimo de patriotismo e o mais importante que é o caráter.
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