sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

OS “GRANDES CRIMINALISTAS”

João Eichbaum

O sucesso deles repousa na lhaneza, no gogó e na disponibilidade de numerário. O gênero, de que eles são espécie, é muito difundido no planeta. Todo mundo conhece, mas poucos conseguem evitá-los. São daquele tipo capaz de lhe vender plano funerário, pomada que cura hemorróidas, bilhete de loteria premiado, terreno na terceira rebentação, etc. etc.

Quem representa a espécie é aquele senhor engravatado, terno feito por alfaiate, gravata combinando até com as cuecas, para qualquer eventualidade. Ele trata a todos com o maior respeito e a maior gentileza e atende a todas as necessidades dos seres que lhe aplainam o caminho para o sucesso, do menor ao mais graúdo deles.

Distribuindo sorrisos, presentes e elogios, o senhor engravatado, cria laços, abre brechas em qualquer lugar. Até no Código Penal. Da senhora do cafezinho ao ministro, não há quem não lhe vote especial atenção: é o doutor Fulano, que não se confunde com um advogado qualquer. Não porque conheça o Direito, mas porque conhece as criaturas e até lhes adivinha os desejos e as necessidades.

Até que um dia lhe surge um Sérgio Moro no caminho, mostrando que os réus não mudam o Direito. Então os sorrisos, os presentes e os elogios do doutor ficam sem destinatário. Em vez de estrada aberta ou tapete estendido, ele encontra uma muralha na frente.

Nesses maus momentos, pressionado pelo cliente e seus milhões de reais, o senhor engravatado e bem falante é obrigado a apelar para a ignorância: atribui aos juízes o mau uso do Direito, o menosprezo pelo Direito de defesa, a parcialidade, o viés acusatório, o veneno da Inquisição no processo.

Mas, não tem culhão para fazer isso nos autos. Escreve no jornal, como o fizeram, na semana passada, os “donos das maiores escritórios de advocacia do Brasil”, que não conseguiram, pelos meios legais, tirar da cadeia o pessoalzinho da Lava Jato.

É isso que acontece, quando a magia da sedução do “grande criminalista” descamba: ele perde o rumo do Direito, porque não conhece outros truques, e cai na vala comum dos pouco iluminados.


Um comentário:

Unknown disse...

É pessoalzinho mesmo. Sem vergonha que não tem o mínimo de patriotismo e o mais importante que é o caráter.