sexta-feira, 17 de junho de 2016

ESCARCÉU NO GALINHEIRO

João Eichbaum

O Teori Zavaski tem imensa dificuldade de dizer as coisas claramente, com sujeito, predicado e objeto identificáveis à primeira vista, sem necessidade de voltar ao ponto de partida da frase, para lhe destrinchar o conteúdo. Abusa do sentido figurado e faz circunvoluções com seu estilo prolixo. Deve passar a noite se revirando na cama, perde o sono, à procura de algum adjetivo que ninguém usa, ou de algum verbo que não seja usado pela massa ignara.

Faz da escrita um modo de construir frases, ao invés de exprimir pensamentos. Confunde arquiteto com escritor. Olhem só esse trecho da decisão que entregou o Lula de mão beijada para o Moro: “Foi também precoce e, pelo menos parcialmente, equivocada a decisão que adiantou juízo de validade das interceptações”.

Ora, ora, se foi precoce, evidentemente foi adiantada. Se foi adiantada, evidentemente foi precoce. Juntar precoce com adiantada é o mesmo que dizer “está chovendo chuva molhada”. E se juntar o “também” que o Teori agregou a seu texto, fica assim: “também está chovendo chuva molhada”.

Em compensação, no trato com o folclórico, o Teori tem frases antológicas, em razão de seus conhecimentos sobre galináceos. Por exemplo, aquela frase que já corre pelo Brasil inteiro a respeito da Lava Jato: “se puxar uma pena vem uma galinha”. Pois, não é que o Teori está cheio de razão!

Agora, por exemplo, o pessoal da Lava Jato puxou uma pena da galinha de ovos de ouro, a Transpetro, e foi um escarcéu no galinheiro. Atrás do Renan, do Romero Jucá, do Cunha, do Sarney e do Jader Barbalho, o delator Sérgio Machado  foi depenando, entre figurões e figurinhas de todos os partidos, o Aécio Neves e o Michel Temer, o presidente interino, pai do milionário Michelzinho e marido duma recada senhora do lar.

Do centro para a esquerda, ninguém escapou. Todo mundo depenado em Brasília. Ninguém tem vontade de tirar retrato no poleiro. Quem posava de vestal, vai ter que mostrar as rendas de suas anáguas inteiras, provando que não deu pra ninguém. Chegamos a um ponto sem alternativas: ou os políticos terminam com a Lava Jato, ou a Lava Jato termina com eles, para mostrar que tanto galinhas como raposas, sendo velhas, não têm mais serventia.


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