ESCARCÉU
NO GALINHEIRO
João
Eichbaum
O
Teori Zavaski tem imensa dificuldade de dizer as coisas claramente, com
sujeito, predicado e objeto identificáveis à primeira vista, sem necessidade de
voltar ao ponto de partida da frase, para lhe destrinchar o conteúdo. Abusa do
sentido figurado e faz circunvoluções com seu estilo prolixo. Deve passar a
noite se revirando na cama, perde o sono, à procura de algum adjetivo que
ninguém usa, ou de algum verbo que não seja usado pela massa ignara.
Faz
da escrita um modo de construir frases, ao invés de exprimir pensamentos.
Confunde arquiteto com escritor. Olhem só esse trecho da decisão que entregou o
Lula de mão beijada para o Moro: “Foi também precoce e, pelo menos
parcialmente, equivocada a decisão que adiantou juízo de validade das
interceptações”.
Ora,
ora, se foi precoce, evidentemente foi adiantada. Se foi adiantada, evidentemente
foi precoce. Juntar precoce com adiantada é o mesmo que dizer “está chovendo
chuva molhada”. E se juntar o “também” que o Teori agregou a seu texto, fica
assim: “também está chovendo chuva molhada”.
Em
compensação, no trato com o folclórico, o Teori tem frases antológicas, em
razão de seus conhecimentos sobre galináceos. Por exemplo, aquela frase que já
corre pelo Brasil inteiro a respeito da Lava Jato: “se puxar uma pena vem uma
galinha”. Pois, não é que o Teori está cheio de razão!
Agora,
por exemplo, o pessoal da Lava Jato puxou uma pena da galinha de
ovos de ouro, a Transpetro, e foi um escarcéu no galinheiro. Atrás do Renan, do
Romero Jucá, do Cunha, do Sarney e do Jader Barbalho, o delator Sérgio Machado foi depenando, entre figurões e figurinhas de
todos os partidos, o Aécio Neves e o Michel Temer, o presidente interino, pai
do milionário Michelzinho e marido duma recada senhora do lar.
Do
centro para a esquerda, ninguém escapou. Todo mundo depenado em Brasília. Ninguém
tem vontade de tirar retrato no poleiro. Quem posava de vestal, vai ter que
mostrar as rendas de suas anáguas inteiras, provando que não deu pra ninguém.
Chegamos a um ponto sem alternativas: ou os políticos terminam com a Lava Jato,
ou a Lava Jato termina com eles, para mostrar que tanto galinhas como raposas,
sendo velhas, não têm mais serventia.
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