terça-feira, 28 de junho de 2016

MAMANDO NO FORO
João Eichbaum

A torturante espera pelas audiências a que são submetidas as pessoas na Justiça do Trabalho depois de passarem pela humilhação de provar que não são bandidos, passa a léguas de distância duma coisa chamada respeito ao ser humano. Plantados numa sala irrespirável, apinhada de gente, maltratando o traseiro em bancos duros, lá ficam, durante horas, às vezes uma manhã ou uma tarde inteira, reclamantes e testemunhas.

Para distraí-los da mesmice, a Justiça do Trabalho lhes oferece a paisagem, nada edificante, do vaivém incessante no corredor que leva para o WC e do inquietante entra-e-sai dos advogados engravatados, com suas pastas de couro, se abrigando no purgatório para eles reservado, chamado sala da OAB.

Assim como reclamantes e testemunhas, também os advogados não habitam o andar de cima, onde o êxtase do poder faz confundir dignidade com arrogância, achincalhe, com função jurisdicional, e mau humor, com circunspecção. Meros figurantes da pantomima jurídica, partes, advogados e testemunhas pertencem àquele estrato social conhecido como o resto da humanidade.

Agora, segundo noticia o jornalista Túlio Milman, que tudo sabe sobre o Poder Judiciário, está sendo implantada no foro trabalhista de Porto Alegre, a “sala de amamentação”. Não. Não é na maternidade. É no foro trabalhista, sim, senhores, esse mesmo foro, onde as pessoas, vítimas da insensatez, ficam mofando por horas infindas.

Ao que se saiba, não é a Justiça do Trabalho que as mulheres procuram para, através de pensões alimentícias e investigações de paternidade, transformar em cifrões seus deslizes sexuais e amores perdidos. E pelo que transpira por aí, as auxiliares e assessoras de juízes do trabalho, não necessitam abandonar seus rebentos para prolatar sentenças. Elas têm o privilégio de remeter os julgados on line, sem sair de casa.

Então, fica assim: na falta de criatividade para acelerar o processo trabalhista e tratar com respeito a todos os cidadãos, usa-se o dinheiro do contribuinte para  implantar o “mamódromo”. Desse modo, as mulheres não mostram os peitos e  os excelentíssimos ouvidos dos magistrados não são maltratados pelo  choro de crianças famintas.






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