sexta-feira, 25 de agosto de 2017

QUANDO O SUSPEITO NÃO É O RÉU
João Eichbaum

Olhem só que rolo. Francisco Feitosa Filho é filho de Francisco Feitosa de Albuquerque Lima. O pai, Francisco de Albuquerque Lima, além de ser cunhado de Gilmar Mendes, é sócio de Jacob Barata Filho, o “Rei do Ônibus”. Acontece que o Francisco Feitosa Filho realizou aquele tal de “até que a morte vos separe” com Beatriz Barata, filha do “Rei do Ônibus”, sendo padrinhos do casório Gilmar e sua mulher, Guiomar Mendes, de quem o então noivo é sobrinho.

Essa rosca, mais enleada que suruba de minhoca, não passaria de simples consequência do “crescei e multiplicai-vos” ordenado por Javeh, o deus judaico-cristão, e notícia de bom porte para colunas sociais, se o “Rei do ônibus” não tivesse ido parar no xilindró.

Não tanto por conta do preso, como por conta de seu cunhado Gilmar Mendes, que o soltou, o caso virou manchete. Além da rosca que envolve parente e contraparente, a mulher de Gilmar, Guiomar Mendes, trabalha no escritório de Sérgio Bermudes, advogado que presta serviço para empresas do “Rei do Ônibus”.

Por todas essas e mais a descoberta de que na agenda de Jacob Barata Filho consta o telefone da mulher de Gilmar, a Procuradoria Geral da República, que não trata de temas de novela, mas de Processo Penal, arguiu a suspeição do dito Gilmar Mendes.

Mas, Gilmar Mendes não se dá por achado, nem por impedido, não tá nem aí. Para ele, se não estiver fora do compasso de suas ideias, o que vale é a letra fria da lei, sem as raízes da analogia, em razão de sua natureza penal.
A pressão da sociedade e da imprensa não lhe faz cócegas. Como não ingressou na carreira da magistratura através de concurso, mas botou a toga por ser amigo de Fernando Henrique Cardoso, ninguém lhe pode cobrar conhecimentos mínimos de deontologia judiciária.


Ele se considera juiz de si mesmo, da própria consciência e despreza valores que não passem pelo funil de seu ego. Talvez porque não haja, entre seus pares, um homem despenteado e sem cor nos cabelos, capaz de empinar o peito e lhe botar o dedo na frente do nariz, com a energia de quem tira a minhoca da suruba e mostra a vara competente.

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