sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Crônicas Poetéticas
SAMBA SEM PRELÚDIO E SEM UMA ÚNICA NOTA SÓ
Paulo Wainberg




Foi sentado na poltrona
Que lembrei daquela dona
Que eu gostava de atracar.
E não era pouca coisa
O que eu fazia com ela,
Na cozinha, no banheiro,
Na varanda e na janela.
Sarabadinadubumdadá.

Por onde andará a senhora
Que há tanto se foi embora
Deslizando porta afora
Qual lagarto ou outro réptil
Me deixando na mão
Descascando uma banana
Só porque numa semana
Sem motivo ou sem razão
Sofri disfunção erétil?
Yes, sofri disfunção erétil
Yes, sofri disfunção erétil
Yes, sofri disfunção erétil

Ela era tri gostosa
Loira, macia e cheirosa,
Adorava um mexemexe
E depois muito gulosa,
Comia peixe ao escabeche.
Ao escabeche, yé yé yé
Ao escabeche yé yé yé.
Ao escabeche yé yé yé

Naquelas tardes fagueiras
Sob a sombra das figueiras
Fazíamos coisas faceiras
E convocamos pra festa
Mil gentis jardineiras
Oh yeah!
Mil gentis jardineiras
Oh yeah!
Que largavam o gadanho
E nuas, apesar do frio,
Se jogavam no rio,
Pra tomar banho.
Oh yeah!

Aquela dona e eu
Deu no que deu.
Entre coxas sussurrando
Um dia ela escafedeu
Me deixou cana chupando,
Batendo córner e cabeceando
E, ó desespero meu,
Assobiando.
Pararatimbumbumbum, assobiando.
Pararatimbumbumbum, assobiando
Pararatimbumbumbum, assobiando

DIZ,DIZ,DIZ,DIZ, meu povo.
É a escola na avenida, diz,diz,diz.

Saí da poltrona e fui para o sofá
Que fica do lado de lá,
Si, dó, ré, mi
Pensando naquela dona
Mulher de verdade era aquela
Amélia era lixo perto dela
Fechei os olhos mas não dormi
Por causa de um raio de Sol
Que entrou por uma fresta na janela
Onde os trapos pendurados...
E vamos ao que resta,
Amor.

Zazazazibar, óu yes, zazazazibar, óu yes.

Se eu soubesse naquele dia
O que sei agora,
Que brochar é disfunção erétil,
E se resolve com viagra,
Não tinha perdido a magra
Ela não teria ido embora
E eu estaria feliz
Na saudosa maloca,
Comendo perdiz
A cuca livre de minhoca
E, dá licença de contar,
Ziriguidum, ú, ziriguidum, ú, ziriguidum, ú
Cheio de amor pra dar.
Ziriguidum, ú, ziriguidum, ú, ziriguidum, ú

Refrão:
Paroxitonamente falando,
Foi de lascar
(repete)

E hoje eu sofro somente porque
Ela foi fazer o que eu não quis:
A segunda antes da primeira e
Antes da segunda, a terceira.

E quem duvidar que murcho
Não rima com bruxo
Que mate a cobra
Ou qualquer outro animal
Mas antes, mostre o pau.
Eu não farei como ela,
Ó não, eu não farei como ela,
Não rirei na sua cara
Nem que enfie a minha na tramela
E lhe direi, compreensivo,
Que isso não é coisa rara.
Laialalá lalaialalialá

Mas ela,
Impudica donzela,
Tripudiou, sapateou, esgravitou
Passou a língua nos lábios
Como se fossem os de mil fábios
E gargalhou.
Ledo engano,
Abandonou-me como um pano
Em algum canto do jardim,
E se foi, fria e flanando
Pela noite com as amigas
Ouvindo canções antigas.
Nunca mais lembrou de mim.
Uou, uou, uou, nunca mais lembrou de mim,
Uou, uou, uou, nunca mais lembrou de mim.
Uou, uou, uou, nunca mais lembrou de mim.

(Volta ao início)

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