segunda-feira, 11 de agosto de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

O PESSOAL DE SANTA MARIA
João Eichbaum
O pessoal de Santa Maria está no governo. Lá estão o Tarso Genro, o Guilherme Cassel, o Nelson Jobim, e também o Eros Grau, de quem, ao contrário de Carlos Maximiliano, poucos em Santa Maria ouviram falar, mas está no governo, porque o Supremo Tribunal Federal, que também governa, na condição de órgão de soberania, manda soltar os Daniel Dantas da vida e proíbe algemas em pessoas que podem sofrer abalos psíquicos e sociais.
O Tarso Genro, no tempo das vacas magras, era poeta. Escrevia para o “Caderno de Sábado” do Correio do Povo. Naquele tempo, em que só os energúmenos e não os marginais assaltavam bancos, dominava a espada dos militares e por isso os marginais não tinham vez: não havia invasões de repartições públicas, nem de propriedades privadas, as casas não necessitavam de cercas, de alarmes, de segurança privada. Nenhum marginal ousava o que quer que fosse contra as pessoas, as empresas, as instituições.
Agora, tudo mudou. Tarso Genro empunha a espada do Ministério da Justiça, ao invés da pena de poeta que era. E os fugitivos, os “fora da lei”, os que faziam oposição ao governo militar daquela época, hoje só se preocupam em ganhar polpudas indenizações. Afinal, o Lula, que nem existia naquele tempo, convocou o Tarso Genro para compor o seu ministério e o Tarso, poeta que era, se dos condói dos companheiros, passando-lhes um dinheiro que não lhe pertence, além de ameaçar os militares com a revogação da lei da Anistia.
Tudo às nossas custas, é claro. Os homens e mulheres que queriam derrubar o governo dos militares, hoje vivem como ricos. Alguns, como deputados, outros, como auxiliares do governo, ou seja, como governo.
O Guilherme Cassel, descendente de uma família com assento no serventias do Poder Judiciário, pois era neto do respeitável distribuidor da comarca de Santa Maria, hoje está noutra, vamos dizer assim. É amigo e companheiro do Presidente da República, esse senhor que chegou até lá, depois de passar pelas oficinas da Volkswagen, onde, ao que parece, perdeu um dedo, que hoje todos os desempregados deste país, que tem um furo no traseiro, sabem onde se encontra.
Nelson Jobim, - filho de um advogado de tom moderado, jurista respeitável, causídico integrado na sociedade santamariense, da qual nunca se apartou - teve uma sinuosa vida política, começando como deputado estadual, passando a federal, chegando-se ao governo de Fernando Henrique Cardoso, um sociólogo, que só conheceu as misérias da vida através da literatura porque, filho de general, teve uma vidinha de menino e de adolescente melhor do que qualquer um de nós. Em razão da amizade com Fernando Henrique, Nelson Jobim foi ministro da Justiça e até do Supremo Tribunal Federal.
Quem observa essas coisas todas é um menino, filho de ferroviário (não pertencia à elite econômica, nem à intelectual) que, órfão de pai, teve que vender jornais, engraxar sapatos, postar-se à frente de parques de diversão e circos, oferecendo amendoim torrado e bergamota para as pessoas que tinham condições de freqüentar essas lugares, como os pais e avós dos ministros do Lula.
Nem Tarso Genro, nem Nelson Jobim, nem Eros Grau, nem Guilherme Cassel enfrentaram essas agruras da vida porque, seus pais, sua família, pertenciam à elite econômica ou intelectual de Santa Maria.
Mas hoje todos eles compõem essa República de Santa Maria, como compunham, anos atrás, o P.C. Farias, o Collor, o Calheiros e outros, menos votados, a República das Alagoas.
Precisa dizer alguma coisa mais?

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