segunda-feira, 18 de agosto de 2008

FILOSOFANDO
João Eichbaum
Por acaso você lê obras filosóficas? Por acaso você, em sua puta vida, comprou algum livro de filosofia? Por acaso você conhece algum filósofo que ficou rico só “filosofando”, sem trabalhar? Por acaso você sabe pra que serve a filosofia?
Pois, saiba você que tem gente que se orgulha de “conhecer” filosofia. Um dia li uma entrevista de um professor de filosofia, se gabando de que ele é maior conhecedor de Heidegger no Brasil?
Mas, e daí, pergunto eu. Pra que é mesmo que serve ser o “maior conhecedor” de Heidegger, no Brasil?
Hoje com a informática, com qualquer criança manuseando o computador, você acha que a filosofia serve pra alguma coisa?
Conta Cícero que Pitágoras, o criador do vocábulo “filosofia”, composto das palavras “filos”, amigo, e “sofia”, sabedoria, quando indagado pelo Príncipe Leonte em que arte era versado, respondeu: “em nenhuma”.
É aí que eu quero chegar: filosofia não serve pra nada, quando parte de gente que pensa que é o tal, porque enrola, diz coisas que ninguém entende. A verdadeira filosofia não precisa de universidade, nem de estudo nenhum. É a filosofia que nasce com a experiência do homem, do homem comum, que lida mais com a vida do que com os livros, do homem que se preocupa mais com a sobrevivência do que com a literatura.
A filosofia popular, sim, é a que verdadeiramente conta. Porque ela faz pensar mas, antes de tudo, diverte. A gente lê o que está escrito nos parachoques de caminhão, nos mictórios e cagadouros públicos e aí sai dando risada. Mas, pensando, é verdade.
Por exemplo: “no dia em que a merda for riqueza, o pobre vai nascer sem bunda”, que eu li num mictório de rodoviária. Não é de morrer de rir? Sim. Mas, pensando bem, tem todo um sentido que explica a ojeriza dos deuses para com os pobres. A frase desvenda a inconformidade para com os privilegiados desta vida, mostrando que não há justiça divina, porra nenhuma, governando os homens.
E essa outra, em forma de poesia, escrita pelo lado de dentro da porta de um cagadouro público, que iguala a todos e é realista, admite que ninguém é mais do que ninguém, porque, na verdade, Darwin tinha plena razão:
“Neste lugar solitário
toda a vaidade se apaga:
todo o covarde faz força,
todo o valente se caga.”
E tem aquela que explica as maravilhas da democracia, pela qual os políticos tanto clamam e que dá nisso que aí está, com políticos corruptos, incompetentes mas sacanas, mensalão, cartões corporativos, bêbados sem moral mandando prender bêbados, etc.:
OS POLÍTICOS NO BRASIL NÃO SÃO ESCOLHIDOS PELO POVO QUE LÊ JORNAL, MAS PELO POVO QUE LIMPA A BUNDA COM ELE.
Isso, sim, é filosofia.

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