OS “FENÔMENOS “ RELIGIOSOS
João Eichbaum
Nesse último final de semana tive o privilégio de conhecer um belo exemplar de criatura humana, a doutora Christina Mitiko Ferreira. Uma jovem linda, esbelta, ostentando no rosto meigo, que lembra porcelana, a maravilhosa beleza oriental. Mas seus encantos não ficam na beleza física. Vão mais longe, a ponto de me tornar embevecido com a sua cultura. Ilustre psiquiatra de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, docente em curso de Medicina naquela bela cidade, a doutora Mitiko – prefiro chamá-la assim, porque seus acentuados traços orientais fazem esquecer seu nome brasileiro – foi uma companhia que me fez esquecer o tempo e penetrar na madrugada, como se tudo não tivesse passado de um minuto.
Senti que minhas idéias despertaram seu interesse, quando lhe confessei que tenho um fascínio por antropologia e que tenho por dogmas, sem restrição alguma, os ensinamentos de Charles Darwin.
A partir dessa minha confissão, a doutora Mitiko me fez mergulhar num mar de conhecimentos sobre o ser humano e abateu, uma por uma, as últimas dúvidas que eu tinha sobre os chamados “fenômenos” religiosos.
Foi através dela que fiquei sabendo das várias manifestações da epilepsia, que a gente, normalmente, liga a pessoas que tombam, entram em convulsão, babam e parecem movidas a choques elétricos em todo o corpo. Depois de me explicar que nem todo o epiléptico é doente mental, a doutora Mitiko se deteve numa forte corrente de neurologia, segundo a qual a epilepsia é a responsável pelo desenlace de “fenômenos” religiosos e fantasiosas visões, a partir do lobo temporal epiléptico. A epilepsia desse lobo temporal, além de tornar doentio o sentimento de religiosidade, desenvolve nessas pessoas a capacidade de tornar reais suas fantasias, a ponto de gerarem os chamados “fenômenos”, dos quais se aproveitam as religiões para enganar os incautos.
Dentre esses fenômenos se podem destacar as “chagas” de Cristo que um padre italiano, recém declarado santo, conhecido como Padre Pio, exibia. Do mesmo modo, o fenômeno da levitação atribuído ao Padre Reus, cujo túmulo, em São Leopoldo, atrai milhares de crentes, é fruto da epilepsia do lobo temporal. Resumindo, tanto o Padre Pio como o Padre Réus eram pessoas epilépticas e não santos, como querem a Igreja Católica e seus adeptos.
Fascinado pelos ensinamentos da doutora Mitiko, saí a campo e deparei com outras manifestações, como, por exemplo, da doutora Elza Yacubian, neurologista especializada em epilepsia na Universidade Federal de São Paulo. E ela reafirma que “a epilepsia do lobo temporal provoca alucinações e induz à religiosidade: pessoas com lesões nele costumam desenvolver uma religiosidade extrema”.
A partir de tais constatações científicas, segundo a doutora Mitiko, há neurologistas crentes, deístas que, não tendo argumentos para refutar a tese, resolvem atribuir a “Deus” a epilepsia do lobo temporal, para que alguns privilegiados possam gozar da presença dessa “divindade”, através dos fenômenos causados pela doença.
Enfim, graças à ciência se desmistificam não somente os “santos” como também o espiritismo, uma área muito apropriada para os efeitos da epilepsia. E eu, graças à jovem, bela e culta doutora Mitiko, chego à conclusão de que somente pessoas inteligentes e sem epilepsia podem se dar ao luxo de dispensar deuses, espíritos e religiões. Tudo isso se soma à conclusão do doutor Richard Lynn, professor emérito e chefe do Departamento de Psicologia da universidade de Ulster, de que somente pessoas de QI mais alto tendem a questionar a existência de Deus.
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