sexta-feira, 7 de novembro de 2008

VARIAÇÕES EM TORNO DO TEMA FIADASPUTAS

COM O PODER NA MÃO TODO MUNDO É VALENTE

João Eichbaum

Tempos houve em que o senhor Tarso Genro, que hoje leva, antes de seu nome, a palavra ministro, designado que foi pelo senhor Lula para cuidar dos Negócios da Justiça, esteve foragido. Ele e sua família. Fugiram, com medo do governo militar. Esquerdistas que eram, tanto ele como seus familiares, não tiveram coragem para manter seus discursos perante um governo ao qual se atribuía posição de direita. Então, pernas, para que vos quero?
Voltando do exílio, o senhor Tarso abriu uma banca de advocacia em Porto Alegre e vivia como um poeta bem comportado, dando pitacos em literatura, num Caderno do jornal Correio do Povo.
Quando ocorreu a chamada “abertura” aí ele soltou as asas, voltou a ser da esquerda, tornou a discursar sem temor e se elegeu prefeito de Porto Alegre. A partir daí, não ganhou mais nada em eleição, mas esteve sempre em todas as bocas do petê, esse partido que tem de tudo, menos de trabalhador. O Lula, há muito tempo não sabe o que é trabalho. O dito Tarso Genro sempre viveu de literatura e petições, sempre de terno e gravata e, ao contrário de mim, por exemplo, num teve que vestir um macacão para enfrentar o basquete.
Pois agora, arrotando poder, o senhor Tarso quer se vingar dos militares que o fizeram fugir com sua família. No seu dicionário, certamente, que deve ser um dicionário de sinônimos e antônimos, a palavra vingança é registrada como sinônimo de justiça. Ele, como ministro dessa coisa chamada Justiça, quer a punição dos “torturadores”, daqueles que faziam os esquerdistas se borrar pelas pernas, abrindo mão da coragem que é a marca dos verdadeiros machos.
Mas, “torturadores”, para o senhor Tarso, ex-literato e ex-poeta, são apenas aqueles que estavam do lado de lá, os que tinham o poder nas mãos. Os outros, os assaltantes de bancos, os seqüestradores de embaixadores, ah, esses não são torturadores, esses são vítimas, que estão recebendo polpudas indenizações.
Senhor Tarso, quem entra num Banco com um revólver na mão, acalma as pessoas? Não as tortura? Não lhes põe diante dos olhos o pavor da morte? E os que seqüestraram embaixadores, fizeram tudo numa legal, numa boa, sem armas, sem violência? Cárcere privado, senhor Tarso Genro, não é tortura?
Será que o senhor, que era poeta e literato, desaprendeu o abecê da humanística?
Não, senhor Tarso, não confunda Justiça com vingança. Se o senhor quer se vingar dos militares que o fizeram se borrar de medo, use de outros meios, faça-o por conta própria, aja como homem, pelo menos agora. Mas, se quiser fazer justiça, ah, então chame as duas partes perante os tribunais, ambos os torturadores, os da direita e os da esquerda. Aí eu até aplaudo, porque quero ver coleguinhas seus de idéias e de ministérios, respondendo pelos crimes que cometeram, torturando pessoas com armas e com cárcere privado.

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