segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

NÓS, PRIMATAS

A TEOLOGIA NA IMPRENSA

João Eichbaum

Assim como a Veja, cuja matéria foi analisada, percucientemente, pelo Janer Cristaldo, também a revista Época resolveu publicar um texto sobre o “Deus” criado pelas religiões.
Acho que a Época ainda foi mais infeliz do que a Veja, trazendo como pano de fundo de sua matéria um livro intitulado “The case for God” (Uma defesa para Deus – em tradução liberal), escrito por uma ex-freira e epiléptica, Karen Armstrong, de origem irlandesa.
Foi infeliz a revista, nesse tema, por duas razões. Uma, porque a ex-freira, sendo epilética, está entre aqueles que uma corrente expressiva da neoneurologia, considera as pessoas mais aptas para assimilar a religiosidade, em razão de problemas no lobo. Outra, porque não consta no currículo da autora qualquer título que lhe confira autoridade para discorrer sobre o tema.
Isso quer dizer que, epiléptica, a autora é mais uma vítima da crença do que uma douta no ramo da teologia. Como ela própria diz, é uma “monoteísta free lancer”.
E é exatamente por falta de autoridade no currículo que ela diz bobagens como “os novos ateus são teologicamente iletrados”.
Ora, se são ateus, que necessidade têm de “teologia”?
Os ateus são racionalistas. Não admitem aquilo que fere a razão, que não tem lógica. Só admitem a ciência, portanto. E no campo da ciência não há lugar para a teologia, porque a teologia não passa de um aglomerado de idéias sem lógica e inteiramente destituídas de razão. Nada tem de verdade, porque não há verdade sem provas.
Além de censurar os ateus, a ex-freira também se arroga autoridade para criticar os que ela chama de “fundamentalistas religiosos”, a quem atribui a infantilidade de conceber “Deus como um ser poderoso que os homens não conseguem enxergar”
Evidentemente a epiléptica autora não descreve, na matéria publicada pela revista, como é esse “Deus”, quais são suas propriedades, suas virtudes, suas características, as qualidades, enfim, que não permitem tê-lo como “um ser poderoso” nem que possa ser “”enxergado” pelos homens.
A partir disso, não se sabe donde a Época extraiu os adjetivos “denso, corajoso e sincero” que atribui ao livro. Fez publicidade gratuita. Donde se conclui que seus proprietários ou diretores, estão na terra a serviço desse mesmo “Deus”, aproveitando também para tirar um dinheirinho dos crentes. Porque ninguém é bobo de fornecer de graça a idéia de Deus. A começar pelas religiões.

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