terça-feira, 19 de janeiro de 2010

NÓS, PRIMATAS

COM A PALAVRA, O ADVOGADO DO DIABO
João Eichbaum

“Não existe ser humano mais perfeito, mais solidário e sem preconceitos que as crianças”.
Essa frase foi atribuída à senhora Zilda Arns Neumann, como sendo um dos pensamentos que expressou em sua última conferência.
Quem é que conhece uma criança “solidária”? Qual é a criança que reparte, imediatamente, sem apelo, o seu brinquedo, o seu doce, a sua comida, o colo de sua mãe?
A exclusão do outro é uma expressão rudimentar, não elaborada, de preconceito. A criança, enquanto criança, é a manifestação mais explícita de egoísmo que se encontra na raça dos primatas humanos. Por instinto, e não por deliberação consciente, ela quer a mãe e tudo quanto implique noção de propriedade exclusivamente para si. O instinto de sobrevivência é que dita as normas e o comportamento para a criança. E por força desse instinto ela não abre mão de seu “ego”.
Enfim, o ser humano, mercê da carga animal de que é composto, nunca foi, nem será perfeito.
Conclusão minha: dona Zilda não conhecia crianças. Ou tinha escassos conhecimentos de antropologia, na proporção inversa do tamanho de sua fé, que a mandava acreditar na estória bíblica de Adão e Eva.
Dona Zilda, que se havia casado com um marceneiro, teve todo o apoio de seu irmão, o bispo Paulo Evaristo Arns, para se tornar médica. Tornou-se médica e arrumou um emprego público, na Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Não se tem notícia de que ela tenha trabalhado em hospital, consultório, que tenha trabalhado, efetivamente, como pediatra.
Até que um dia o secretário executivo da UNICEF, James Grant, bateu às portas do palácio episcopal do arcebispo Paulo Evaristo Arns, convidando –o “para iniciar uma campanha contra a mortalidade infantil”. O americano garantiu ao bispo que “não faltariam recursos”. Como o religioso, segundo diz a notícia “não tinha tempo, nem agenda para a empreitada”, ele trouxe a irmã Zilda, uma médica burocrata que, então, estava “meio encostada” em razão da troca do governo no Paraná.
Trata-se de um caso explícito de nepotismo, pois é difícil acreditar que em todo o Estado de São Paulo não houvesse alguém com honestidade e competência suficientes para administrar grandes somas de recursos contra a mortalidade infantil.
Não sei se a doutora Zilda era concursada ou não. Não sei em que situação funcional ela assumiu a “Pastoral da Criança”. Uma coisa é certa: não faltavam recursos.
Então, a doutora fez o que qualquer pessoa faria: patrocinada pelo prestígio do irmão se entregou a uma tarefa internacional, com recursos garantidos, inclusive do seu amigo e colega Alceni Guerra, também do Paraná, que, na condição de Ministro da Saúde, liberou meio milhão de dólares para dona Zilda administrar.
Agora podem me xingar, porque estou instituindo o paradoxo, andando na contramão. Mas, a hipocrisia não me faz bem. Não acho que dona Zilda seja uma heroína, uma santa, ou qualquer coisa do gênero. Se ela administrou bem o dinheiro e o emprego que recebeu, nada mais fez do que cumprir com o dever.
Nada de extraordinário há nisso. Mas nenhuma surpresa me causará a abertura de um processo de “beatificação” da ilustre viúva, vítima da fúria da natureza, que não respeita nem as igrejas.

7 comentários:

Blog do Itamaracá disse...

Li no Janer e vim conferi onde há raridades,pois que do lado da santa em vida e mártir depois de morta não faltam piegas.

Se ao menos tivesse levado na cabeça um teto de consultório do SUS...
Estava no Haiti convidada por religiosos,então qual a razão de ter escolta de militar tirado de outras funções pra ser anjo protetor dela?

Todos os brasileiros que estavam lá,ou que estão,usam os mesmos serviços do EB com fantasia da ONU?

E já notou como o repórter da Veja,lindo que só vendo,aparece sempre tão limpinho e barbeado?Consegue água até pra banho?naquela desgraceira toda?Onde estão abrigados com direito a chuveirinho e banheiro?

Se é que existe um outro lado,ela deve estar tricontando com a outra Ongueira Solidária...A Santa Ruth,outra inútil que ajudou a criar bolsas vagabundos.
Em comum,chefiavam Ongs suspeitas.Uma até foi enquadrada pela Justiça do PR,a outra,graças ao marido 'ociólogo',se safou bonito na operação abafa.

Unknown disse...

Não tenho procuração e nem fui instituído como advogado da falecida, mas, teve todo o apoio de seu irmão, o bispo Paulo Evaristo Arns, para se tornar médica??? Como assim??? O irmão deu apoio e... PLIM! surge mais uma médica no Brasil! Ela se formou em 1959 pela Universidade Federal do Paraná (e que tremendo apoio então!) e em 1983 foi convidada a assumir a pastoral da criança... foram 24 anos do "apoio" do irmão até a concretização do plano de conquista episcopal...? E dizem que brasileiro é ruim de planejamento...

Quem merece o Nobel então? O Obama? Aquele ex-vice presidente americano (Al Gore) do filminho mala (que papou um Oscar e um Nobel)?

Caramba, o crítico não tem asco de religião? Então porque não age de acordo e CAGA MOLE para uma possível beatificação da médicaformadapelauniversidadefederaldoparanágraçasaoapoiodoimrmãoqueseiláeraalgumacoisaimportanteem1959paratertalpoder?

P.s. O irmão importante para caramba só veio a ser bispo em 1966. Antes disto era padre em PETROPOLIS - RJ, que como o crítico deve saber, é a diocese que exerce GRANDE INFLUÊNCIA sobre o Estado do Paraná. O cardealato veio na década de 70

Manoel Vigas disse...

Aos Sr. Rafael, acima ( 21 de janeiro de 2010 08:34 )

Saudações.

As “santas Ruth / Arns & Cia”, ongueiras & financiadores / manipuladores, apátridas do nosso brasilzinho ( ziinho) varonil” merecem apenas o nosso asco, mediante tamanha hipocrisia imposta pelas próprias aos desinformados bípedes viventes nestas plagas.

Quanto à Petrópolis (RJ) que conheço bem (morei lá) é um vespeiro de “desenvolvedores obscurantistas”.

Sem mais palavras !!!

Por enquanto, caso pretenda alguma réplica, sugiro que leia antes:

"HISTÓRIA UNIVERSAL DA DESTRUIÇÃO DOS LIVROS"
Das tábuas sumérias à guerra do Iraque
FERNANDO BÁEZ
EDIOURO

sugiro que o faça, pois muito do que falo, tentando esclarecer sobre o obscurantismo religioso é "catalogado aqui didaticamente".

.... e meu protesto com relação ao seu comentário de “defesa do indefensável” pode ser para si iluminada e esclarecida neste livro pelas chamas do que foram as fogueiras da inquisição religiosa, cujo combustível é o medo, o ódio, a soberba, a intolerância e a sede de poder ....

Atenciosamente.

Manoel Vigas

Unknown disse...

Tá bom Sr. manoel, respondeu bem pacas! Não sou católico, a inquisição foi uma investida violenta contra o crescimento de religiões protestantes concorrentes, as cruzadas foram uma desculpa sórdida para conquista de terras e riquezas e durante este período (idade média) tivemos uma estagnação da cultura e do saber científico!
Agora querer ignorar as datas de formação da médica e da carreira religiosa do cardeal isto sim é ser obscurantista.
E quanto ao livro, não vou ler não. Livro recomendado pelo ILUMINADO e DEMOCRÁTICO presidente bolivariano Hugo CHavez não deve prestar não. Como aqui no Brasil ele ainda não apita nada, faço a minha réplica como e quando eu bem entender.

Unknown disse...

Há 50 anos os historiadores sérios demonstram que a Idade Média não foi uma era de luta da fé contra a ciência, muito pelo contrário. Engraçado como homens assim tão cultos se deixam levar pela balela iluminista. Enquanto a inquisição católica - que surgiu 300 anos antes do protestantismo, que também teve sua inquisição muito mais sangrenta - levou à fogueira em sete séculos menos de 3 mil pessoas (número já lastimável), os iluminados franceses guilhotinaram 18 mil religiosos católicos em menos de 10 anos. Números, números ...

Unknown disse...

E quanto a Dra. Zilda Arns, tive oportunidade de entrevistá-la em duas ocasiões, enquanto trabalhei como repórter em dois jornais de Salvador-BA (Tribuna da Bahia e Correio da Bahia), nos anos de 2001 e 2004. Desde 2005, trabalho com assessoria de comunicação em organismos do terceiro setor e de governo. Naquelas duas oportunidades, apenas não conseguia entender o olhar "cor-de-rosa" da médica sobre a solução dos problemas sociais. Mas, nas duas conversas e na apuração dos dados da Pastoral da Criança, pude notar que ela realmente acreditava no que pregava: o amor pode mudar a sociedade, e com pouco dinheiro. Na entrevista de 2001, fui informado que o custo mensal por criança era de pouco menos de R$ 0,80 - não lembro os dados exatos, mas o Ministério da Saúde me informou na época valores repassados à Pastoral condizentes com o balanço financeiro da instituição e seus gastos. Hoje eles já fazem o mesmo trabalho por cerca de R$ 0,50. E, realmente, foram dimunuídos drasticamente os números da mortalidade infantil no país, graças ao trabalho desta mulher de muito valor e da pastoral.
Para não deixar dúvidas, sou católico, porém recém-convertido (em 2006). Na época das entrevistas, por conta de minha formação acadêmica de cunho marxista, acreditava que a única forma de mudar o quadro social era a luta de classes ou algo do tipo. E hoje são milhões em todo o Brasil as crianças que sobreviveram à desnutrição por conta desta iniciativa da Pastoral.
Davi Lemos
Jornalista
Salvador-BA.

Morena Flor disse...

"Caramba, o crítico não tem asco de religião?"
**

Pergunta q não quer calar: Qual é o problema em ter asco de religião?

Não tem os q têm asco do comunismo, de filosofia, de futebol, do time esse ou aquele, daquele vizinho chato, daquele fulano de tal assim ou assado, disso, daquilo e daquilo outro?

Então!