terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

COM A PALAVRA, HUGO CASSEL

JORNALISMO POLITICO


Uma dos mais fascinantes aspectos do jornalismo é, sem dúvida o “jornalismo político”. Nessa área não basta vontade, não basta, apoio, e não basta coragem. É preciso antes de tudo ter conhecimentos profundos de ciência política e suas, as vezes, surpreendentes nuances, além de experiência. Não é área para “focas”. Para escrever sobre isso é melhor ainda que tenha o profissional o cuidado de não se deixar levar pela emoção, em detrimento da razão. O preço pode ser muito caro. Vivemos atualmente um momento político dos mais delicados, com a revolução do mundo muçulmano, na África e Oriente Médio. A convulsão no Egito, país chave no xadrez político da região, preocupa o mundo.

A chamada oposição que representa os radicais islâmicos, luta para derrubar o Presidente Hosni Mubarak e impor suas leis. É preciso porém registrar que os 30 anos desse governo, queiram ou não, manteve a paz no Egito depois da guerra dos seis dias contra Israel e do assassinato de Presidente Anuar Sadat. Apoiado pelos Estados Unidos, o Egito se tornou o termômetro no Oriente médio, dando tranqüilidade a Israel que sempre temeu inimigo às suas costas.

Divulga-se agora que jornalistas brasileiros foram obrigados a deixar o país, eis que segundo o governo suas matérias torciam a verdade dos fatos, representando apoio indireto aos manifestantes. Já foi dito por alguém que “ No hay verdad , ni tampoco mentira.Todo está de acuerdo con El cristal con que se mira.” O jornalista pode ter sua ótica dos fatos, mas o jornal jamais deve acompanhar e tomar partido. Seu compromisso é com os leitores e no mínimo deve permitir o contraditório. A classe política é a mais “volúvel “ que existe e nenhum veículo deve se tornar refém de qualquer político, seja Prefeito, Governador, Presidente, ou ditador. O prejuízo pode afetar, toda uma equipe de trabalho, pela qual a diretoria é responsável, além de perder a credibilidade. Grandes órgãos e redes, até podem fazer abertamente campanha para “A” ou “B” como fez a Record , pois em caso de fracasso, tem “gordura” suficiente para sobreviver , o que não acontece com órgãos provincianos.

Aqui no Sul temos alguns exemplos. A ZH apesar de ser uma empresa de família israelita, e tendo colunistas que foram até terroristas, tem também um Paulo Brossard, ex-Ministro da Justiça, que todos conhecem como homem de direita. Outro jornal de Porto alegre “O SUL” tem vários colunistas com óticas políticas diferentes mas seus editoriais são neutros. Registro que a ZH que deveria na minha opinião defender a solução democrática no Egito, para preservar o status de Israel, chama o Presidente Mubarak de Ditador e faz manchetes como essa: ‘EGITO FORA DE CONTROLE”.
Portanto não é de estranhar que os enviados da RBS ao Egito tenham sido obrigados a voltar. Submeteu seus profissionais a um risco e um vexame. Não adianta protestar agora pois nenhum organismo internacional tem força para obrigar o governo do Egito a pedir desculpas. Quem os mandou para lá não tem pelo visto nenhuma das qualidades citadas no começo desta matéria

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