segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

COM A PALAVRA, HUGO CASSEL

TURISMO NA UTI

Hugo Cassel-Abrajet SC

Um dos livros de Jorge Amado, leva o título: Tereza Batista Cansada de Guerra. É uma ficção, mas a frase vale para todos nós, na maior parte do mundo. Menos no Egito onde por incrível que seja , parte do povo, parece estar “Cansado de Paz”. Pessoa de minha família que visitou recentemente país dos Faraós, conta que existiam alimentos abundantes, serviços bastante aceitáveis como hotéis, transporte e segurança. Algumas coisas segundo os guias de turismo, como de resto em toda parte, eram restritas. As atrações turísticas como as Pirâmides, passeios de barco pelo Nilo, Vale dos Reis, Museus e bibliotecas, muito embora os milhares de pessoas, lhe pareceu bem organizados. Centenas, quem sabe milhares de pessoas a maioria jovens, que proporcionam as tradicionais fotos em camelos e cavalos no deserto, todos prestativos e atenciosos. Núcleos de pobreza é claro que foram observados, mas isso não é novidade em nenhum lugar do planeta. O único país do mundo onde se leva turista para conhecer a miséria das favelas cariocas é o Brasil. É também onde se faz filme sobre o lixo, para concorrer ao Oscar como este ano. O que está agora acontecendo no Egito é nada mais nada menos do que a tentativa de uma minoria de acabar com tudo o que tem trazido de lucro, 30 anos sem guerra, depois daquela que durou 6 dias após o assassinato do Presidente Anuar Sadat. A reposição do ódio contra Israel e a implantação da lei Islâmica, como no Iraque e Iran, onde é legal matar pessoas a pedradas, por se amarem. Nesses países, também berço da civilização, direitos humanos é “invenção” americana. Não reconhecem em absoluto que todos nós temos direito de exigir proteção e respeito para algo que também é nosso. No Egito animais sem alimento, morrem nas ruas e milhares de trabalhadores em turismo passam fome. Muitos deles, se sabe, se incluem entre os “atiradores de pedras”, sem se dar conta que a falência do turismo, será sua própria desgraça. Quem nos dias de hoje compra pacotes ou viaja por conta para visitar o Iraque? Ou o Iran? Quem vai se aventurar a visitar o Egito, depois que o regime for mudado? Mesmo que o atual governo consiga superar a crise atendendo reinvindicações da oposição o prejuízo é irreparável. Bilhões de Euros deixaram de entrar e milhões de pessoas deixaram de visitar o país, gerando desemprego. Muito tempo levará para que a maior indústria do século que é o turismo possa recuperar sua vital importância na economia do Egito, e sair da UTI onde se encontra no momento. Mesmo que o Presidente seja afastado, renuncie, ou passe os poderes para o vice, nada garante que a política religiosa radical islâmica seja implantada. É preciso o exército estar de acordo e principalmente enfrentar os Estados Unidos que consideram o Egito fator importante para o frágil equilíbrio político do Oriente Médio. Até as eleições de Setembro o tabuleiro será de intenso movimento entre suas peças.

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