O RONALDÃO e O SARNEY
João Eichbaum
Saiu no twitter do Supremo Tribunal Federal: “ ouvi por aí agora que o Ronaldo se aposentou, quando será que o Sarney vai resolver pendurar as chuteiras?”
Quando o Cesar Peluso, o presidente do STF (aquele mesmo que, para satisfazer interesse personalíssimo, decorou seu gabinete com móveis do tempo do império às custas do contribuinte) tomou conhecimento da piada, virou fera. Mandou afastar a funcionária de uma empresa terceirizada, a quem teria sido atribuída a frase e pediu “encarecidas desculpas” pelos “comentários impróprios a respeito da eminente autoridade”.
Bom, em primeiro lugar, tirando o povo maranhense e mais o Cesar Peluso, o Brasil inteiro não só está aplaudindo a moça demitida, pela piada de ótimo gosto, como gostaria de incluir alguma coisa, algum adjetivo, ou advérbio mais forte na frase, para apimentá-la.
Da forma como está, não há nada de “desrespeitoso” na piada da moça.
Tanto assim é que o próprio Sarney levou na esportiva, tirou de letra e saiu como herói. Sua primeira providência foi telefonar ao Peluso, pedindo que não tomasse nenhuma providência contra a moça. Depois, agradeceu à referida funcionária por ter ela “ feito um julgamento muito bom a meu respeito”. E mais, o velho Sarney ainda agradeceu por ter sido comparado ao Ronaldão gordo.
Com que cara ficou o Peluso, hein?
Que lição de humildade o velho Sarney lhe deu!
E depois de receber uma "lição de moral" do Sarney, o lugar mais digno em que o cara pode se esconder será na vagina duma égua.
Não sei o que aconteceu com a moça. Talvez o pedido do Sarney tenha chegado tarde. Peluso, como juiz, cheio de poder, com as mãos cheias de jurisdição, certamente, não voltou atrás. Porque não é costume dos juízes voltarem atrás, reconhecerem o erro e manifestarem humildade. Pode haver exceções, e as há certamente, mas a regra é a da petulância, da imposição da autoridade, que conta com o peso da ignorância.
Do episódio sobra uma conclusão inevitável: a submissão oficial do Judiciário ao Sarney.
Agora está perfeitamente explicada a censura imposta pela justiça ao jornal Estado de São Paulo, proibindo-o de divulgar as falcatruas do Sarney e de sua família. A subserviência, a curvatura da espinha diante do Sarney é que fez o Judiciário mandar às favas a Constituição Federal, riscando dela o direito de liberdade de expressão, para que não fosse ofendida aquela “respeitável” família, dona de todo o Estado do Maranhão.
Bem, se pisotear a Constituição não custa nada para o Judiciário, será coisa de somenos o “afastamento” de uma funcionária que não pertence aos quadros do Supremo. Contra os pobres, tudo vale. Que o diga aquele estagiário que foi “demitido” sumariamente, aos berros, pelo presidente do STJ, por estar muito perto de Sua Excelência, num caixa eletrônico do Banco.
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