segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CRÔNICAS IMPUDICAS

É ASSIM QUE A COISA FUNCIONA
João Eichbaum

Deu começo de rebu, quarta-feira última, na sessão do Supremo Tribunal Federal.
O Marco Aurélio cobrou do Ricardo Lewandowski uma substituição feita na lista tríplice de advogados, que será remetida à Presidência da República, para a escolha do próximo ministro do Superior Tribunal Eleitoral.
A lista original era composta pelos advogados Alberto Pavie, Joelson Dias e Evandro Pertence. Mas o nome do advogado Alberto Pavie foi riscado e incluido, no lugar dele, o da advogada Luciana Lossio.
Mas, olhem só o que a advogada Luciana Lossio tem no currículo: foi a advogada constituída por Dilma Roussef, para defendê-la nos processos eleitorais a que teve de responder durante a campanha. Isso, naturalmente, transforma a advogada numa das atrizes mais importantes do BBB do judiciário, onde, mesmo sem a votação dos telespectadores, o candidato (no caso o advogado Alberto Pavie) vai para o paredão.
Não sei se, além disso, ela é loira, bundunda, boa de ubres e cintura fina, se tem uma voz grave e sensual, quando pronuncia o latim que ela não conhece, sem contar outros atributos pegajosos, de fazer qualquer ministro babar, menos o Marco Aurélio. O certo é que o Lewandowski saiu em defesa dela - como não poderia deixar de ser - dizendo que tudo foi feito com transparência. E para reforço de sua argumentação invocou o currículo, já referido, da advogada.
Não é segredo para ninguém que a composição dos tribunais é ditada, substancialmente, por interesses pessoais e apadrinhamentos, simpatias e outras coisas do gênero. A única coisa que não conta é a capacidade do candidato no que concerne à sua vocação para a magistratura. O cara se torna juiz , não por luz própria, mas porque assim o querem seus amigos e admiradores. Só se torna ministro de um tribunal superior, quando funciona o poderoso tônico do apadrinhamento. Esse é o sacrossanto critério utilizado na escolha de um candidato. Não existe outra equação, a não ser aquela armada e alimentada pelos padrinhos, para que alguém vista, com muito orgulho, a toga de ministro.
Nunca ouvi falar do advogado cuja candidatura foi sacrificada em prol da protegida do Lewandowski. Também não conheço o bacharel Joelson Dias. Agora, pelo sobrenome, sei quem é Evandro Pertence: só pode ser filho do Sepúlveda Pertence, que foi incluído na lista, certamente, “em nome do pai”. Ou seja, um cara que “pertence” a um reduzido número de privilegiados.
Se vocês pensam que, para ter um dilema, a Dilma só precisaria acrescentar um “e” ao próprio nome, não é bem assim. O dilema está á vista, nos seguintes termos: conferir a toga de ministra para sua advogada, ou para o filho de seu irmão de ideologia, amigo e conselheiro, Sepúlveda Pertence?
Viram onde é que o Lewandowski foi se meter? Não teve coragem para riscar da lista o filho do Sepúlveda Pertence e botou a Dilma numa saia muito mais justa do que a daquele terninho, onde ela fica mais esprimida que recheio de salsicha.

Nenhum comentário: