João Eichbaum
É domingo de noite. Para muitos, as festas, as beberagens, o futebol, a dor de cabeça provocada pela derrota, exigem do corpo, agora, o descanso. Para outros, quem sabe, ainda algumas horas de lazer, os últimos beijos e abraços dos namorados, o cinema no “shopping” naquele final de domingo.
Mas há um filão de maltratados pela vida que se entrega a um pesadelo que não tem nome. São os que dependem do SUS, os doentes, pobres, aposentados, que sobrevivem com um salário mínimo ou pouco mais que isso. São aqueles que não tiveram tempo, nem condições financeiras, para se defender contra as traiçoeiras e inevitáveis doenças da velhice ou que, mesmo não sendo velhos, não tiveram oportunidade para fazer as prevenções necessárias, como revisões médicas, “check up”, exercícios físicos, alimentação adequada, etc.
Esses já na noite de domingo vão para a fila do SUS que, partir da manhã de segunda-feira começará a distribuir as fichas para consultas médicas. Então, dentro da noite, que será quase eterna, e ao longo de paredes descascadas pelo tempo, se desenha um quadro que maltrata os olhos, acende piedade e raiva ao mesmo tempo.
Pessoas, trôpegas, caminhando devagar, curvadas, ou até apoiadas sobre bengalas, sob os tormentos da doença ou da velhice, vão se postando, uma atrás da outra. Algumas trazem cadeira, uma sacolinha com lanches. Outras, meio de rolo papel higiênico, um embrulho com remédios.
À medida que a madrugada avança, outros vêm se juntando aos que lá se encontram, engrossando a fila. Pela manhã, à hora da abertura do Posto de Saúde, quase duas centenas de pessoas são candidatas às fichas do SUS. Menos de um quarto dos presentes serão contemplados com ficha para uma consulta com cardiologista, urologista, oftalmologista, etc. Ou seja, apenas uma primeira etapa de uma jornada em busca de saúde, que não se sabe se terá fim, com a requisição de todas as espécies de exames, preliminares talvez de um internamento hospitalar.
Enquanto isso, nessa hora da manhã, os trabalhadores da grande região metropolitana, futuros ocupantes daquelas filas do SUS, se amontoarão nos ônibus ou nos trens, para mais um dia de trabalho.
Foi para isso que o PT, o Partido dos Trabalhadores, patrocinando o ingresso de todo o tipo de comunistas no governo, de Manuela D’Ávila, que eu gostaria de ter como empregada doméstica, a Orlando Silva, que não canta bosta nenhuma, embora tenha nome de cantor, foi eleito: para continuar a maltratar aqueles que foram sempre maltratados, os trabalhadores. Ou seja, os pobres que trabalham, contribuem com o tesouro, constroem o PIB.
E o pior é que foram esses mesmos trabalhadores que elegeram Lula e elegeram Dilma, enfeitiçados pelas falsas promessas de que tudo iria mudar, porque o Partido estava levando para dentro do governo o povo pobre e trabalhador.
Agora, desde que o PT chegou aos governos federal, estadual e municipal, levando junto os comunistas, esses estão ricos, faturando milhões, levando uma bela vida de capitalistas, sem trabalhar.
Enquanto isso, o PT, propriamente dito, voltado para os pobres que não trabalham e que se contentam com o bolsa-família e as lonas do MST, trata de dar emprego na administração pública para a companheirada que nunca administrou coisa alguma na vida. E o resultado continua sendo o mesmo de toda a história política deste país: o futuro da saúde do trabalhador que realmente trabalha é a fila do SUS, depois de haver ele passado anos se espremendo no transporte coletivo para chegar ao trabalho.
Mas, certamente, na próxima eleição, esses mesmos trabalhadores vão integrar o “oba,oba” do PT outra vez, para deixar o Lula e a companheirada rindo à toa. Porque o Lula, não precisando enfrentar a fila do SUS, terá atendimento especial para as quimioterapias ou radioterapias de que necessita, com a esperança de que o seu gogó canceroso esteja curado, para enganar o pobrerio, de novo. Antes que se lhe aplique a “extrema unção”, claro.
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