PARA O PT, COMBATER A CORRUPÇÃO É
GOLPE NA DEMOCRACIA
O julgamento taxado
de polêmico e heterodoxo, esse do ‘mensalão’ no Supremo Tribunal Federal (STF),
desenha-se, na realidade, em uma espécie de alavanca para um golpe de direita
contra as instituições democráticas do país, segundo a expressão de críticos da
forma como tem-se conduzido o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa (JB), monitorado pela mídia
conservadora que, paradoxalmente, é alimentada com 70% dos recursos públicos
destinados à publicidade estatal. Um boletim de ocorrência contra o magistrado
o manteria sob constante estado de tensão, como escreveu à época o advogado e
jornalista Márcio Chaer, diretor da revista Consultor Jurídico, após uma discussão entre Barbosa e o então também ministro do STF, Eros
Grau:
“Eros retrucou
lembrando decisões constrangedoras de JB que a Corte teve de corrigir e que ele
nem encontrava mais clima entre os colegas. O clima azedou a ponto de se
resgatar o desconfortável boletim de ocorrência feito pela então mulher de JB,
tempos atrás: ‘Para quem batia na mulher, não seria nada estranho que batesse
em um velho também’, afirmou-se”. Além do risco de ser chantageado por meios de
comunicação ligados à direita, o viés ideológico demonstrado pelo ministro,
durante sua trajetória no Supremo seria tão firme quanto o seu estado de
espírito, o que levou o editor da publicação especializada na área jurídica a
afirmar que “o idealismo de JB lembra o espírito macunaímico, comenta, a
propósito do assunto, um observador bem posicionado no STF, ao celebrar os 80
anos da obra de Mário de Andrade. Macunaíma, consagrado como ‘o herói do povo
brasileiro’, ao fim de sua epopéia, transforma-se em uma constelação”.
Para analistas mais
astutos, tornou-se suspeita a série de coincidências verificadas no curso da
Ação Penal 470, como o período de votação que chega ao seu ápice pouco antes
das eleições municipais, no mês que vem; a pressão dos meios de comunicação
ligados à direita e à extrema direita brasileiras para a condenação,
principalmente, do ex-deputado José Dirceu; a tentativa de ligação do nome do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao escândalo; o ‘fatiamento’ do
processo; o vazamento de informações delicadas, como a dosimetria das penas a
serem aplicadas aos réus, assunto que sequer figura na pauta das próximas
sessões da Corte.
“Um descuido” do
gabinete do ministro Joaquim Barbosa, como foi explicado, levou a página do
Supremo Tribunal Federal (STF) na internet a divulgar, na sexta-feira, as penas
sugeridas pelo relator AP 470 para parte dos réus condenados pelo crime de
lavagem de dinheiro. O ‘vazamento’ permaneceu no ar durante mais de 72 horas. A
pena mais dura ficou para Marcos Valério: 12 anos e sete meses de reclusão,
além de 340 dias-multa, com cada dia-multa igual a 10 salários mínimos, o
equivalente a mais de R$ 2,1 milhões. O vazamento ocorreu no dia em que a
revista semanal de ultradireita Veja publicava,
na capa, uma suposta – e até agora, não comprovada – entrevista com Valério, na
qual ele teria dito que o presidente Lula saberia do suposto esquema do
‘mensalão’. Horas depois, no jornal O Globo, o colunista Ricardo Noblat fala da existência
de um suposto vídeo, “de quatro cópias”, no qual um desesperado Marcus Valério,
diante da prisão iminente, faria revelações para divulgação imediata – “caso
sofra um atentado”.
FONTE DESSA ASNEIRA TODA: CORREIO DO BRASIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário