quarta-feira, 12 de setembro de 2012


DÁ PARA CONFIAR?

João Eichbaum

Muitos, ou vários, ou alguns dos meus leitores, hão de pensar que sou a favor da corrupção, que endosso o aliciamento praticado pelo PT, sob as ordens do José Dirceu, que não quero a condenação dos que aprovaram, a troco de muito dinheiro, as besteiras do Lula.
Não, não é assim. Sou um férreo inimigo da corrupção. Queria toda a turma do Dirceu, do Delúbio e do Lula na cadeia, como a quer o povo que não vive de “bolsa-família”, nem debaixo das lonas do MST.
Mas, tem um detalhe: não entro na onda, não me deixo subornar pelo mídia. Penso pela minha cabeça. E a minha cabeça tem uma formação jurídica que não se subordina à vaidade e ao medo.
O que me leva a comentar e a criticar as decisões do STF é a certeza de que não há juristas num tribunal que reconhece a “materialidade” da prova numa conduta penal que se configura através de advérbio.
Se o povo hoje apóia e aplaude as decisões do STF, que condena por atacado os denunciados do “mensalão”, amanhã certamente se dará conta de que aqueles os ministros, ignorando princípios primários de direito, não representam a sabedoria que se exige da última instância no julgamento das criaturas humanas.
Atiçado pela mídia, o povo quer “vingança”, sem se importar com a “justiça”. E aplaude as decisões do STF pelo resultado.
Quem aplaude hoje o Supremo, amanhã poderá ser vítima de uma decisão dele. Mas isso não passa pela cabeça de ninguém.
O STF é um verdadeiro calidoscópio, formado por pessoas que têm a vaidade como valor principal do ser humano, A maioria de seus membros não é formada por juízes de carreira, mas por pessoas deslumbradas, que supõem conhecer o direito. Dominadas mais pela sensação do Poder do que pelos conhecimentos específicos da Ciência Jurídica, o que importa para aquelas pessoas é ter seu nome sacramentado pela mídia.
Então, pergunto, como podemos ter confiança nesse Tribunal? Como poderemos ter certeza de que o nosso direito será interpretado à luz da Ciência Jurídica?
Quem quiser ser enganado, que respeite e aplauda o STF, esse mesmo STF que, como entidade, serviu a ditaduras e não se impôs, assistindo impassível à ejeção de alguns de seus membros que não dobraram a espinha diante do poder.
Ontem eram as armas que dobravam o STF. Hoje, é a imprensa. A imprensa que fatura e faz a cabeça do povo.


2 comentários:

Unknown disse...

João, sou advogado aqui em Santos, SP, e gostaria de trocar e-mails com você sobre dicas de bons livros da área jurídica. É possível?... Não consigo localizar o seu e-mail aqui no blog. Um abraço e até mais,

Unknown disse...

Obrigado, João. Entrarei em contato. Um abraçaõ e até mais,

P.S. Meu nome é Sidney Vida. Não sei porque postei a mensagem anterior como desconhecido. Sorry!