João Eichbaum
Não faz muito,
divulgaram-se dados estatísticos, segundo os quais apenas 38% da população
brasileira pode ser considerada plenamente alfabetizada.
Agora está em pauta o
descalabro do ensino no Brasil, em razão dos baixíssimos índices de
aproveitamento escolar, a partir curso fundamental.
Ontem estava lendo o
jornal local, o VS, que se jacta de pertencer a uma empresa jornalística de
grande porte, a maior do Vale do Sinos e, quiçá, a segunda no Estado do Rio
Grande do Sul. Transcrevo para vocês o trecho que comecei a ler. Comecei:
Se não lhe permitissem a fala, Sócrates não seria Sócrates.
Platão não embalaria seus ideais a partir de Sócrates e, quem sabe, não haveria
nem Aristóteles. Assim é, uma vez que não há nada sem as vozes, nada exceto o
silêncio. Também não digo que ele não seja válido na dimensão de um pensamento,
pois a muito que se ouvir por lá, basta ficar atento.
Entenderam?
Bem, se vocês
entenderam, peço que me expliquem, porque eu fiquei a ver navios, literalmente boiando.
O cara quer dizer que se
o Sócrates fosse mudo ele perderia a identidade. É isso?
Ele seria quem?
O autor não diz. Como
não diz também porque “a fala” é a responsável por ter sido o Sócrates ele
mesmo e não outro.
E a partir da premissa
da inexistência da “fala” de Sócrates, o autor afirma que Platão não embalaria seus ideais.
Ah, bom, então ta.
Tudo a partir da “fala”
de Sócrates, sem a qual não haveria nem
Aristóteles.
Então, gente, o seguinte:
se Sócrates não falasse, o Platão não teria o que embalar, e o papai e a mamãe
do Aristóteles, ó, nada feito, nada de agarra, agarra, nada de procriação. O
Aristóteles só poderia ser feito a partir da “fala” de Sócrates.
Ou, quem sabe entendi
mal e o autor quis dizer que rolava uma bela transa entre Sócrates, Platão e
Aristóteles...
Mas, o que sei é que a grande
conclusão do autor é a seguinte: não há
nada sem as vozes, nada exceto o silêncio.
Baita descoberta, grande
lição, o mundo está aliviado com esse avanço da ciência!
Só não consegui ir
adiante, quando deparei com essa: também
não digo que ele não seja válido na dimensão de um pensamento, pois a muito que
se ouvir por lá, basta ficar atento.
Silêncio válido na
dimensão de um pensamento...Ah, sim, ta bom... e com Vodka vai melhor ainda.
Mas o verbo haver sem o “h” faz qualquer um desistir: a muito que se ouvir por lá, basta ficar atento.
E vocês sabem qual é a
escolaridade do cidadão que subscreve essas barbaridades? “Professor de
Literatura e de Língua Portuguesa e mestrando em Letras”.
Depois dessa, fui.
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