segunda-feira, 3 de setembro de 2012

POR QUE O ENSINO VAI MAL?


João Eichbaum

Não faz muito, divulgaram-se dados estatísticos, segundo os quais apenas 38% da população brasileira pode ser considerada plenamente alfabetizada.
Agora está em pauta o descalabro do ensino no Brasil, em razão dos baixíssimos índices de aproveitamento escolar, a partir curso fundamental.
Ontem estava lendo o jornal local, o VS, que se jacta de pertencer a uma empresa jornalística de grande porte, a maior do Vale do Sinos e, quiçá, a segunda no Estado do Rio Grande do Sul. Transcrevo para vocês o trecho que comecei a ler. Comecei:
Se não lhe permitissem a fala, Sócrates não seria Sócrates. Platão não embalaria seus ideais a partir de Sócrates e, quem sabe, não haveria nem Aristóteles. Assim é, uma vez que não há nada sem as vozes, nada exceto o silêncio. Também não digo que ele não seja válido na dimensão de um pensamento, pois a muito que se ouvir por lá, basta ficar atento.
Entenderam?
Bem, se vocês entenderam, peço que me expliquem, porque eu fiquei a ver navios, literalmente boiando.
O cara quer dizer que se o Sócrates fosse mudo ele perderia a identidade. É isso?
Ele seria quem?
O autor não diz. Como não diz também porque “a fala” é a responsável por ter sido o Sócrates ele mesmo e não outro.
E a partir da premissa da inexistência da “fala” de Sócrates, o autor afirma que Platão não embalaria seus ideais.
Ah, bom, então ta.
Tudo a partir da “fala” de Sócrates, sem a qual não haveria nem Aristóteles.
Então, gente, o seguinte: se Sócrates não falasse, o Platão não teria o que embalar, e o papai e a mamãe do Aristóteles, ó, nada feito, nada de agarra, agarra, nada de procriação. O Aristóteles só poderia ser feito a partir da “fala” de Sócrates.
Ou, quem sabe entendi mal e o autor quis dizer que rolava uma bela transa entre Sócrates, Platão e Aristóteles...
Mas, o que sei é que a grande conclusão do autor é a seguinte: não há nada sem as vozes, nada exceto o silêncio.
Baita descoberta, grande lição, o mundo está aliviado com esse avanço da ciência!
Só não consegui ir adiante, quando deparei com essa: também não digo que ele não seja válido na dimensão de um pensamento, pois a muito que se ouvir por lá, basta ficar atento.
Silêncio válido na dimensão de um pensamento...Ah, sim, ta bom... e com Vodka vai melhor ainda. Mas o verbo haver sem o “h” faz qualquer um desistir: a muito que se ouvir por lá, basta ficar atento.
E vocês sabem qual é a escolaridade do cidadão que subscreve essas barbaridades? “Professor de Literatura e de Língua Portuguesa e mestrando em Letras”.
Depois dessa, fui.


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