João
Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com
Tudo combinado. Mariana
organizaria a festa, a partir da lista de convidados, cujo número já estava
fechado em cento e quarenta pessoas. Sérgio Bermudes pagaria a conta.
Sérgio
Bermudes, o pagante, é um poderoso advogado que mexe com os pauzinhos para
emplacar desembargadores e ministros nos tribunais. Luiz Fux foi um de seus
afilhados, contemplado com a farfalhante toga de ministro do Supremo Tribunal
Federal.
A
jovem advogada Mariana é nada menos do que filha do Luiz Fux. Ela,
coincidentemente, trabalha no escritório do Sérgio Bermudes, e agora quer ser
desembargadora. Isso. Quer dar aquele salto que é o sonho de todo mundo: sair
do anonimato para o poder.
Foi
por isso que ela organizou a festa, contando com o patrocínio do Sérgio
Bermudes. Na festa estariam presentes os desembargadores do Rio de Janeiro e o
governador Sérgio Cabral. Aqueles escolheriam três dos seis nomes encaminhados
pela OAB. O governador escolheria um dos três nomes da lista aprovada pelo
tribunal.
Só
que a mídia saiu na frente e deu a notícia sobre o evento, nos mínimos
detalhes. Inclusive o blog deste escriba, que não é cronista social, botou a
boca no trombone. Os demônios da reportagem deixaram mal na parada o Fux, que
seria o homenageado da festa. Resultado: a festa foi cancelada.
Agora,
as notícias ganharam um condimento especial: não só Mariana, filha do Luiz Fux,
espera a hora feliz de ser desembargadora. Também Letícia, filha do ministro
Marco Aurélio de Mello, está no páreo.
O
nome dela é o mais votado na lista para o TRF da segunda região. A escolha
depende da Dilma. Segundo Ophir Cavalcante, ex -presidente da OAB do Brasil, o
currículo da menina Letícia é "impressionante". Para o advogado José
Roberto Batocchio, “ela é uma advogada com intensa militância, integra um
grande escritório, com ampla atuação no Rio”.
Noticia
a Folha de São Paulo que, “o mais novo ministro do Supremo, Luiz Roberto
Barroso, enviou uma carta a desembargadores do 2º TRF, exaltando as qualidades
de Letícia Mello”. Mas no currículo dela constam apenas cinco processos no
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e nenhum no TRF.
Já menina Mariana Fux patrocina seis processos
no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Sem o mínimo rubor, afirma que possui
“pós-graduação em Teoria das Obrigações e Prática Contratual, na Fundação
Getúlio Vargas.” Mas, segundo a Fundação, “não se trata de pós-graduação, e sim
de uma extensão universitária de até quatro meses”. É o que informa a Folha de
São Paulo.
Se,
nesse episódio, a hipocrisia e o descaramento prevalecerem sobre a moral, não
se pode mais duvidar de que, no Brasil, ninguém consegue, com o poder da
oração, o que alguns conseguem com certidão de nascimento.
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