terça-feira, 30 de julho de 2013

COMO SE EXPLICA ESSE MAGNETISMO?
João Eichbaum
joaoeichbaum@gmail.com
Como é que se explica esse fenômeno ocorrido nos últimos sete dias aqui no Brasil?
Que magnetismo, que tipo de força ou energia, leva milhões de pessoas à rua para ver o Papa?
O que leva pessoas a dormirem ao relento, se abrigarem em sacos de dormir, passarem privações, acordarem encharcadas pela rudeza do mar, se arriscarem a doenças para poder ver o Papa?
Pensem comigo, e isso foi a primeira coisa que pensei: como é que essas pessoas se haviam com suas necessidades fisiológicas? Como pode alguém abrir mão de sua privacidade, fazendo fila nos banheiros químicos, entregando o nariz àquela intensa exalação de merda humana, só para poder ver o Papa?
A fé?
Mas, qual é a recompensa que essas pessoas têm? Qual é o retorno que lhes dá a fé? Qual é benefício imediato ou a longo prazo que lhes é dado desfrutar, por conta do cansaço e das privações e por terem visto o Papa?
Alguém pensa em ir para o céu só porque viu o Papa? Alguém pensa em aliviar suas dores só porque viu o Papa? Alguém pensa em ficar rico só porque viu o Papa?
Ou alguém pensa que se aproximou de “Deus” só porque esteve perto do Papa?
O fenômeno é inexplicável. Não há artista, jogador de futebol, ou qualquer ídolo de carne e osso, neste mundo, que consiga atrair tanta gente num só lugar, e ao mesmo tempo. Ninguém consegue tanto endeusamento. Ninguém consegue tanta idolatria.
Mas, assim é a criatura humana: antes de tudo, decepcionante. Quando as conquistas da ciência conseguem colocar o homem num pódio de grandeza, ele despenca, e se desnuda, e se mostra inferior a muitos outros animais, ou, no máximo, se iguala às formigas e às abelhas, que têm por sua rainha essa mesma paixão que milhões de criaturas humanas têm pelo Papa.
Nada pessoal. Nada contra o Francisco. Até sempre achei, desde sua eleição, que dessa vez o Espírito Santo acertou, porque Francisco é o cara, e não o Roberto Carlos. Mas, numa boa, ele lá no Vaticano, passando lições de humildade e honestidade para bispos, padres, cardeais e políticos, e eu aqui, na minha, gozando, com a maior honestidade, das boas coisas da vida. Mas, tudo assim, ó: ele não precisa correr atrás de mim, e nem eu atrás dele.
Também...era só o que faltava ele me procurar para eu ensiná-lo a rezar missa, ou eu procurá-lo, para saber o que ele acha da bunda da Gretchen, que é do tempo dele. Com todo respeito, é claro.


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