O MINISTÉRIO PÚBLICO E A COPA
João
Eichbaum
Vocês sabem me dizer o que é que o Ministério Público
tem a ver com a Copa do Mundo?
Confesso minha santa ignorância: eu não sei.
Tenho acompanhado pela imprensa essa bagunça toda, que
envolve “estruturas temporárias” no Estádio do Internacional de Porto Alegre,
como condição para que a capital do Estado, e em particular o referido estádio,
conhecido como Beira Rio, sirva de palco para algumas partidas de futebol entre
seleções.
As tais de “estruturas temporárias”, ao que me consta,
não se situariam dentro do estádio, mas na entrada, em área que não sei se é próprio municipal ou do clube. Estariam
orçadas em cerca de trinta milhões de reais e seriam usadas apenas durante a
copa.
O Internacional se nega a bancar tais obras provisórias,
alegando que não tem dinheiro para tanto. Também a Prefeitura de Porto Alegre
diz que ta dura.
Pois a corda arrebentou pro lado do Estado, que nada
tem a ver com a copa: as empresas que financiarem as tais de “estruturas”
ficarão isentas do recolhimento do ICMS. Meio na marra o projeto foi enviado
para a Assembléia e aprovado pela situação e outros partidos que não são nem
uma coisa, nem outra, nem oposição, nem situação. Só votou contra quem é da
oposição, mesmo. E o próprio governador, longe de aplaudir a aprovação (afinal,
vai arder no dele) criticou a realização da Copa, tão badalada pelo seu líder,
Lula.
Pois agora aparece o Ministério Público para dar o seu
palpite, através de um promotor que teria lido o contrato firmado entre a FIFA
e o Internacional. Diz o promotor que o clube tem a obrigação de custear as
“estruturas temporárias” por força daquele contrato.
Qualé a do Ministério Público? Examinar contratos
particulares, firmado entre pessoas jurídicas de direito privado, donas do
próprio nariz? E, pior do que isso, interpretar o contrato e dar opinião?
Onde estamos, gente? Quando é que o Ministério Público
vai reconhecer os seus limites? Será que o promotor pensa que a opinião dele
tem alguma eficácia jurídica?
O Ministério
Público não tem coisa melhor para fazer em prol dos cidadãos, ou acha que o
povo tem direito ao “pão e circo” da Copa, com o qual o Inter não quer
colaborar?
Ou, não tendo outro lugar para aparecer, a instituição
resolveu posar de árbitro e, na bola dividida entre o Inter e a FIFA, decidiu apitar pênalti em favor dessa...
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