IGREJA E CRISTIANISMO
João Eichbaum
Parece que alguns
confundem Igreja e cristianismo. E aí dizem que a Igreja foi fundada por Jesus
Cristo, pelos apóstolos, ou ainda por Saulo de Tarso, vulgo São Paulo.
Igreja e cristianismo
não se confundem. O cristianismo é uma seita, ou uma filosofia de vida, que tem
raízes no judaísmo. Jesus Cristo era judeu, circunciso, consagrado no templo e,
ao que consta, não comia churrasco. Era um judeu autêntico, com selo e tudo,
criado sob a lei do Moisés. E foi ele que lançou os fundamentos do
cristianismo, aconselhando a dar a outra face do rosto, depois da primeira
bofetada, ao invés de quebrar os dentes ou arrancar os olhos do agressor. Ele
pregou o amor ao próximo, a humildade, o espírito pacífico e outras virtudes
que mitigam a animalidade.
Portanto, foi Jesus
Cristo que fundou o cristianismo, com algumas regras que correm na contramão da
religião judaica.
Mas a ideia de Jesus
Cristo não comportava organização, cronogramas, movimentação financeira, nem
isenção fiscal. Nesse item, aliás, ele foi muito claro: “dai a César o que é de
César”. E mais: o desapego aos bens materiais foi um dos temas constantes nos
seus discursos “Olhai os lírios do campo, as aves do céu, batei e
abrir-se-vos-á, procurai e achareis” são alusões à Providência Divina que,
segundo ele, cuidaria de tudo.
Claro que não é bem assim.
Todo mundo está careca de saber que do céu só cai avião, neve, chuva e cocô de
passarinho. Ah, sim, e de vez em quando algum meteorito. E por isso foi necessário
criar a Igreja, cuja história nada tem de divino. Dentro da Igreja, como
organização, nunca se registrou alguma coisa de edificante, mas de seus anais
constam assassinatos, roubos, ambição, luxo e orgias sexuais.
Ontem, por exemplo,
numa festa que reinado nenhum no mundo até hoje experimentou, foram
“canonizados” dois papas. Ora, Jesus Cristo nunca falou em “canonização”, que
outra coisa não é senão a glorificação de pessoas. O que Jesus Cristo pregava
era justamente o contrário: a humildade e não a glorificação.
Então, decididamente,
Jesus Cristo nada tem a ver com a Igreja.
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