segunda-feira, 28 de abril de 2014

IGREJA E CRISTIANISMO

João Eichbaum

Parece que alguns confundem Igreja e cristianismo. E aí dizem que a Igreja foi fundada por Jesus Cristo, pelos apóstolos, ou ainda por Saulo de Tarso, vulgo São Paulo.
Igreja e cristianismo não se confundem. O cristianismo é uma seita, ou uma filosofia de vida, que tem raízes no judaísmo. Jesus Cristo era judeu, circunciso, consagrado no templo e, ao que consta, não comia churrasco. Era um judeu autêntico, com selo e tudo, criado sob a lei do Moisés. E foi ele que lançou os fundamentos do cristianismo, aconselhando a dar a outra face do rosto, depois da primeira bofetada, ao invés de quebrar os dentes ou arrancar os olhos do agressor. Ele pregou o amor ao próximo, a humildade, o espírito pacífico e outras virtudes que mitigam a animalidade.
Portanto, foi Jesus Cristo que fundou o cristianismo, com algumas regras que correm na contramão da religião judaica.
Mas a ideia de Jesus Cristo não comportava organização, cronogramas, movimentação financeira, nem isenção fiscal. Nesse item, aliás, ele foi muito claro: “dai a César o que é de César”. E mais: o desapego aos bens materiais foi um dos temas constantes nos seus discursos “Olhai os lírios do campo, as aves do céu, batei e abrir-se-vos-á, procurai e achareis” são alusões à Providência Divina que, segundo ele, cuidaria de tudo.
Claro que não é bem assim. Todo mundo está careca de saber que do céu só cai avião, neve, chuva e cocô de passarinho. Ah, sim, e de vez em quando algum meteorito. E por isso foi necessário criar a Igreja, cuja história nada tem de divino. Dentro da Igreja, como organização, nunca se registrou alguma coisa de edificante, mas de seus anais constam assassinatos, roubos, ambição, luxo e orgias sexuais.
Ontem, por exemplo, numa festa que reinado nenhum no mundo até hoje experimentou, foram “canonizados” dois papas. Ora, Jesus Cristo nunca falou em “canonização”, que outra coisa não é senão a glorificação de pessoas. O que Jesus Cristo pregava era justamente o contrário: a humildade e não a glorificação.

Então, decididamente, Jesus Cristo nada tem a ver com a Igreja.

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