sexta-feira, 25 de abril de 2014

MISSA POR NOSSA CONTA

João Eichbaum

O padre José de Anchieta, aquele que recusou virgens nuas, preferindo o deleite que lhe prometiam no céu, tem nos custado caro. Fundou a cidade de São Paulo, esse inferno cheio de arranha-céus, que abriga multidões, políticos corruptos, crime organizado e desorganizado e acolhe paus-de-arara que acabam engambelando todo mundo, a ponto de, mesmo sem saber escrever uma frase, receberem o título de “doutor honoris causa”.
O povo lá se mata trabalhando, sofre uma barbaridade para ir de casa para o batente e do batente para casa, quando tem onde morar, não tem direito a uma praia tranquila, sem engarrafamento, enfrenta greves de metrô e ônibus, se rala, enfim. Mas, paga imposto. Paga imposto, porque o padre Anchieta fundou São Paulo. Se não tivesse catequisado os índios, se tivesse ficado lá na Europa, se não tivesse fundado o Colégio de Piratininga, nada disso que atormenta os paulistas hoje teria acontecido.
Agora, mais uma do padre Anchieta: ele inventou de ser canonizado. E aí, gente boa, sobrou pra nós. Como não existe canonização sem missa, o papa, o torcedor do San Lorenzo, que ganhou do Grêmio, rezou uma bela missa para festejar o espetáculo da canonização do Anchieta.
Então, sabem o que aconteceu? O Calheiros, isso, o Renan Calheiros, o rei do gado, junto com o Ricardo Ferraço, ambos do PMDB, se tocaram para o Vaticano, a fim de assistir à tal de missa, representando o Congresso Nacional.
Sim, sim, como vocês estão imaginando: a missa não nos saiu de graça. Cada um deles, além da viagem e da estadia pagas com o nosso dinheiro, ainda vai receber nove mil reais. Não, não me enganei: são nove mil reais, que vamos desembolsar para eles assistirem à missa do padre Anchieta.

Viram o quanto está nos custando o padre Anchieta?

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