A PROPÓSITO DE ELEIÇÕES
João Eichbaum
No Brasil não existe, propriamente, um
sistema político, no verdadeiro sentido do palavra. O sistema político, o
verdadeiro sistema político consiste num conjunto de normas e procedimentos que
servem à arte de governar.
Aqui no Brasil não há esse sistema, porque os
políticos se elegem não para governar, mas para se manter no poder. Os
políticos brasileiros são, em regra, políticos profissionais. São pessoas que
assumem o poder para, em primeiro lugar, tratar de interesses pessoais ou
corporativos. Vestem a camiseta de um partido, qualquer partido, mas se lhes
for perguntado quais os objetivos previstos nos estatutos do partido, não
saberão dizer. O que os leva à política é a sede do poder e não a vontade de
dirigir um Estado que atenda, indistintamente aos interesses de toda a
população.
Há inúmeros exemplos. Os políticos do norte e
do nordeste são os primeiros desse tipo de gente. Os Sarney, os Calheiros, os
Collor, os Magalhães. É difícil enumerar a todos.
E a coisa funciona assim: de pai para filho,
de avô para neto. Tudo na base da profissão. E muito mais do que isso, como meio
de enriquecer.
Lá no norte e no nordeste, os espertalhões
usam a ignorância e a pobreza do povo como escada para o poder e para a
riqueza. E a lição passa de pai para filho, do filho para o neto.
No sul, onde a pobreza e a ignorância vingam
em escalas bem menores, os espertalhões se valem das “estrelas”: jogadores de
futebol, gente de jornal, rádio, televisão. Colocam essas “estrelas” na escola
da politicagem, aproveitando sua qualidade de colhedores de votos. E eles
ajudam o partido a se manter no poder.
A isso não se pode chamar de sistema político.
Isso é manobra de espertalhão para
chegar ao poder e lá se manter, porque o poder, no Brasil, é o único meio infalível
para enriquecer.
Mas, infelizmente, o povo não aprende.
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