sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PRECONCEITO
João Eichbaum
Hoje vi cartazes colados em postes, onde se lia: “Não voto em quem estimula o preconceito”.
A  minha conclusão foi a seguinte: o idiota que escreveu isso aí tolera o resto, principalmente a corrupção. Quer dizer, desde que o corrupto não seja preconceituoso, ele pode roubar, que terá o voto do imbecil que pagou para imprimir e para colar nos postes de Porto Alegre, contribuindo para a poluição, aquela asneira.
Por preconceito, presumo, o cara entende ressalvas a determinados comportamentos, a partir da raça e dos gostos sexuais.
Por exemplo, se um afrodescendente afanar a carteira de uma pobre velhinha, derrubá-la, ferindo-a, e sair correndo, ninguém poderá gritar outra coisa senão “ataquem esse cidadão de cor que está correndo”.
Se duas bichas estiveram se bolinando, se beijando em via pública, o cidadão honesto que estiver em companhia de sua filhinha de oito anos, terá que distrair a criança com qualquer coisa e não terá o direito de manifestar sua indignação contra os atrevidos e provocantes homossexuais. Se o fizer, será tido como preconceituoso e não como um pai que quer criar uma filha com dignidade e respeito.
Está indo longe demais essa estória de “preconceito”. Há questões muito mais importantes a serem resolvidas neste país, como saúde, segurança, educação e emprego, do que os problemas pessoais, como a frustração pela descendência e a sexualidade mal resolvida.
Não é a cor da pele ou a preferência sexual que subtraem os valores de uma pessoa. Se ela souber se comportar, se ela respeitar os valores dos outros, ela também será respeitada. O que conta é o comportamento, a conduta no contexto social. Um negro, um pederasta ou uma lésbica não serão menos gente se souberem ser gente. A cor e a sexualidade não são atributos que emprestem maior valor às pessoas, mas, sim, a dignidade dessas.


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