segunda-feira, 1 de setembro de 2014

BAIXANDO ESPÍRITO
João Eichbaum
       Se eu acreditasse em alma do outro mundo, centro espírita, Deus e coisas do gênero, diria que o Miguel Arraes, aquele coronel nordestino dono de Pernambuco, continuou fazendo política até depois de morto.
       Olhem só. O neto dele, Eduardo Campos, que só fez política na vida, se atirou na eleição para Presidente da República contra o Lula e a Dilma. Logo contra a Dilma que até companheira do velho, nos tempos do regime militar, foi.
        O Eduardo se aliou com a Marina, uma mulatinha boa de voto e com muito eleitor evangélico, considerando que na última eleição ela já tinha desempenhado um bom papel e que já podia arrancar com vinte por cento de intenções.
         Se enganou o Eduardo. Os eleitores potenciais da Marina não eram os mesmos dele. Resultado: ele ficou patinando muito atrás do Aécio e esse subindo nas pesquisas e ameaçando a Dilma com segundo turno.
          O velho Arraes deve ter visto isso lá do quinto dos infernos. E pensou: assim não vai dar. Se o meu neto continuar, o PT dos meus amigos Dilma e Lula cai fora e assumem os tucanos com o Aécio. Vou chamar meu neto para cá.
            Bom. O que aconteceu todo mundo sabe: morreu o neto do Arraes e ficou a Marina na parada. Aí ela juntou os votos dela com os do defunto, mais os nulos, os brancos e os indecisos e ficou cabeça com cabeça com a Dilma.
              O Velho Arraes queria continuar o domínio da esquerda e viu que seu neto não conseguiria isso. Então deu um jeito de botar a Marina no lugar dele, pois ela jamais irá se aliar a tucanos. E com a chance de trazer o Lula para o governo dela. O grande amigão do Arraes não pode continuar de fora do poder.

                Mas, tem outra coisa que só pode ser coisa do Arraes: buscaram na beira da cova outro amigão dele, o caquético Pedro Simon, para comemorar seus noventa anos no Senado por nossa conta. Ah, sim, e com a chance de ganhar mais dentes novos.

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