terça-feira, 19 de maio de 2015

 MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO
João Eichbaum

Os vendedores de diplomas estão desesperados. Eles têm diante dos olhos o emagrecimento dos seus negócios, a fuga do lucro e, talvez, a aproximação da necessidade de trabalhar, como todo mundo, para poderem sobreviver.

Explico quem são os vendedores de diplomas: são os proprietários de universidades e faculdades particulares. O grande negócio deles está baseado nas sobras das universidades públicas. Quer dizer: quem não tem qualificação para superar o vestibular das universidades públicas se torna matéria prima para as universidades e faculdades particulares.

Ocorre que a maioria dos candidatos reprovados nas universidades públicas não tem condições financeiras para bancar o custo de uma universidade ou faculdade particular. Então se socorrem do financiamento bancado pelo governo federal, o “Fies”.

Mas, com a péssima situação do Tesouro Federal, houve necessidade de cortar gastos e um dos primeiros atingidos foi o programa de financiamento. Para diminuir os custos do programa, o Ministério da Educação resolveu botar ordem nas coisas: só terá direito a financiamento quem obtiver um mínimo de 450 pontos no exame do Enem e nota superior a zero na redação.

O pavor que tomou conta dos comerciantes de diploma serviu para revelar que o Brasil está cheio de “doutores” analfabetos. Com zero na redação, eles entravam para a universidade, sem vestibular, e eram bancados pelo governo federal. E na universidade particular a fila tinha que andar. Por isso, o analfabeto funcional tinha seu diploma garantido.

Agora os donos de universidades, que têm nos pobres os provedores de seu sucesso patrimonial, viraram bebês chorões e, coitadinhos, estão implorando que o Ministério da Educação diminua a pontuação do Enem para alguns cursos. Em outras palavras: querem garantia de matéria prima para a continuação de seu negócio de venda de diplomas.

Essa vergonhosa proposta mostra que eles não têm escrúpulo: só querem lucro e não qualidade de formação profissional. Só querem direitos, sem deveres.  Ora, se os “trabalhadores em educação” não têm consciência da responsabilidade que lhes cabe, em quem se poderá confiar?




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