MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO
João Eichbaum
Os vendedores de diplomas estão
desesperados. Eles têm diante dos olhos o emagrecimento dos seus negócios, a
fuga do lucro e, talvez, a aproximação da necessidade de trabalhar, como todo
mundo, para poderem sobreviver.
Explico quem são os vendedores de
diplomas: são os proprietários de universidades e faculdades particulares. O
grande negócio deles está baseado nas sobras das universidades públicas. Quer
dizer: quem não tem qualificação para superar o vestibular das universidades
públicas se torna matéria prima para as universidades e faculdades
particulares.
Ocorre que a maioria dos candidatos
reprovados nas universidades públicas não tem condições financeiras para bancar
o custo de uma universidade ou faculdade particular. Então se socorrem do
financiamento bancado pelo governo federal, o “Fies”.
Mas, com a péssima situação do Tesouro
Federal, houve necessidade de cortar gastos e um dos primeiros atingidos foi o
programa de financiamento. Para diminuir os custos do programa, o Ministério da
Educação resolveu botar ordem nas coisas: só terá direito a financiamento quem
obtiver um mínimo de 450 pontos no exame do Enem e nota superior a zero na
redação.
O pavor que tomou conta dos comerciantes
de diploma serviu para revelar que o Brasil está cheio de “doutores”
analfabetos. Com zero na redação, eles entravam para a universidade, sem
vestibular, e eram bancados pelo governo federal. E na universidade particular
a fila tinha que andar. Por isso, o analfabeto funcional tinha seu diploma
garantido.
Agora os donos de universidades, que têm
nos pobres os provedores de seu sucesso patrimonial, viraram bebês chorões e, coitadinhos,
estão implorando que o Ministério da Educação diminua a pontuação do Enem para
alguns cursos. Em outras palavras: querem garantia de matéria prima para a
continuação de seu negócio de venda de diplomas.
Essa vergonhosa proposta mostra que eles
não têm escrúpulo: só querem lucro e não qualidade de formação profissional. Só
querem direitos, sem deveres. Ora, se os
“trabalhadores em educação” não têm consciência da responsabilidade que lhes
cabe, em quem se poderá confiar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário